O IBGE informou nesta sexta-feira (1º) que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,1% no terceiro trimestre e ficou praticamente estável em relação aos três meses imediatamente anteriores.
Ainda assim, é o terceiro trimestre seguido de resultado positivo. O resultado veio um pouco abaixo do previsto pelos analistas, que esperavam uma alta de 0,3%. No entanto, o IBGE revisou o desempenho do PIB em trimestres anteriores, puxando para cima o resultado da economia no acumulado do ano.
Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,4% entre julho e setembro deste ano. Neste ano, até setembro, a expansão é de 0,6%.
Antes da divulgação deste resultado, a expectativa dos analistas era de um crescimento do PIB de 0,7% neste ano.
O Codace (Comitê de Datação de Ciclos), grupo de reúne economistas para estudar os ciclos econômicos no Brasil, avalia que a recessão terminou em dezembro de 2016, após 11 trimestres seguidos de queda –segundo o grupo, a recessão começou no segundo trimestre de 2014.
A principal dúvida é sobre a capacidade do país em manter a trajetória de recuperação, em meio a incertezas em relação à dinâmica das contas públicas, o que pode voltar a disparar os juros, o câmbio e a inflação.
A dívida brasileira, hoje equivalente a 74% do PIB, cresce de maneira acelerada e o governo enfrenta dificuldades em colocar em prática medidas de contenção do aumento das despesas. A principal delas, a reforma da Previdência, enfrenta forte resistência de parlamentares.
RESSUSCITA
A principal novidade deste PIB é a recuperação do investimento, que subiu 1,6% após quatro trimestres seguidos no vermelho e desde 2013 em tendência declinante.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, porém, o investimento ainda cai 0,5%.
A virada para o positivo ocorre, principalmente, em razão da maior produção de máquinas e equipamentos, uma vez que a construção civil ainda segue em crise.
A volta também tem relação com a melhora mais recente da confiança do empresário.
Segundo a Fundação Getulio Vargas, o índice de confiança do industrial cresce desde julho, retornando aos níveis do início de 2014, antes do mergulho na recessão.
Ainda assim, a taxa de investimento do país está em nível muito baixo, incapaz de sustentar uma expansão econômica mais robusta à frente.
No terceiro trimestre, a taxa de investimento foi de 16,1%, abaixo do verificado no mesmo período do ano passado (16,3%).
Economistas afirmam que países como o Brasil demandam uma taxa próxima de 25% do PIB para manter um crescimento econômico de longo prazo sem acelerar a inflação.
CONSUMO
Impulsionado pela queda da taxa de juros e pela recuperação do mercado de trabalho, o consumo das famílias subiu 1,2%, numa segunda alta seguida.
O consumo é o principal componente das contas nacionais – responde por mais de 60% do PIB – e foi estimulado também pelos saques nas contas inativas do FGTS, que injetou cerca de R$ 40 bilhões na economia.
Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a alta do consumo foi de 2,2%.
Já os gastos do governo engataram o quinto trimestre de recuo e caíram 0,2%.
Do lado da produção, a indústria registrou alta de 0,8% no terceiro trimestre, após o resultado negativo no período anterior.
O resultado se deveu à produção da indústria de transformação, que responde por mais da metade do peso do setor fabril no PIB.
Em relação ao terceiro trimestre do ano anterior, a expansão da indústria foi de 0,4%.
O setor de serviços, cujo desempenho é muito relacionado ao do consumo, também cresceu 0,6%. Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta dos serviços foi de 1%.
O setor agropecuário, como era de se esperar pela sazonalidade da atividade (muito concentrada no início do ano), registrou queda de 0,3% no terceiro trimestre, ante o segundo.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a alta é de 9,1%.
REVISÕES
O IBGE revisou o PIB dos últimos seis trimestres. Os dados atualizados mostraram que as altas no primeiro e segundo trimestres foi maior que o divulgado à época.
O instituto divulgou que o PIB cresceu 0,7% no segundo trimestre do ano frente ao trimestre imediatamente anterior –o valor antes da revisão era de 0,2%. Já nos três primeiros meses do ano, a alta foi de 1,3%, e não de 1% conforme projetado anteriormente.
Na comparação com igual período do ano passado, as revisões não resultaram em mudança significativa dos indicadores.
O PIB do segundo trimestre deste ano, que havia registrado alta de 0,3%, foi revisado para 0,4%. No primeiro trimestre, a economia andou de lado, com variação de 0%, segundo o dado revisado. O indicador anterior apontava queda de 0,4%.
Nas revisões dos dados de 2016, as quedas do PIB, ocorridas nos quatros trimestres do ano, foram menores do que as inicialmente divulgadas. O resultado do acumulado do ano, com queda de 3,5% em relação a 2015, diferiu pouco do valor divulgado anteriormente, de 3,6%.
Folha de São Paulo