Levantamento inédito do CFM revela que valor coloca o Rio Grande
do Norte em 16º lugar no ranking dos estados e que fragilidades na
assistência persistem
R$ 2,60 ao dia: esse é valor per capita destinado pelos três níveis
de gestão (federal, estadual e municipal) para cobrir as despes as com
saúde dos mais de 3,5 milhões de brasileiros que vivem no Rio Grande do
Norte. Esse é o resultado de uma análise detalhada das informações mais
recentes disponíveis, relativas às contas públicas do segmento em 2017.
Segundo o cálculo inédito feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM),
a partir de dados oficiais, naquele ano, o gasto por habitante com
saúde no Estado foi de R$ 948,99, o que coloca essa unidade da federação
em 16º lugar no ranking nacional.
Em todo o País, o gasto médio per capita com saúde no ano passado foi
de R$ 1.271,65. Entre os 26 Estados, no entanto, esse valor varia de R$
703,67, no Pará, a R$ 1.771,13, em Roraima. As informações levantadas
pelo CFM consideraram as despesas em Ações e Serviços Públicos de Saúde
(ASPS) declaradas no Sistema de Informações sobre os Orçamentos Públicos
em Saúde (Siops), do Ministério da Saúde. Pela lei, cada ente
federativo deve investir percentuais mínimos dos recursos arrecadados
com impostos e transferências constitucionais e legais na área.
Essas despesas são voltadas para a promoção, proteção e recuperação
da saúde que atendam, simultaneamente, a princípios da Lei Orgânica da
Saúde (Lei nº 8.080/1990) e da Lei Complementar 141/2012. No caso dos
Estados e do Distrito Federal, esse percentual deve ser de pelo menos
12% do total de suas receitas. No caso dos municípios, o valor de base
corresponde a 15%. Para a União, a regra prevê aplicação mínima, pelos
próximos 20 anos, de 15% da receita corrente líquida, mais a correção da
inflação.
Na base do ranking dos gastos totais per capita em saúde surgem:
Pará, com despesa total por ano de R$ 703,67; Maranhão (R$ 750,45);
Bahia (R$ 777,80); Alagoas (R$ 863,18); Ceará (R$ 888,71); e Amazonas
(R$ 907,82). Também realizaram uma média inferior a R$ 1.000,00 ao ano
por habitante: Pernambuco (R$ 908,68), Goiás (R$ 910,60), Paraíba (R$
912,11), e Sergipe (R$ 936,96).
Na outra ponta, tiveram valores per capita acima da média nacional
apenas quatro estados: Roraima (R$ 1.771,13), Mato Grosso do Sul (R$
1.496,13) e Tocantins (R$ 1.489,18) e Acre (R$ 1.306,91). Estados com
alta densidade populacional e índices elevados de desenvolvimento
econômico apresentaram índices menores. São os casos de Mato Grosso (R$
1.243,84), São Paulo (R$ 1.235,15), Rio Grande do Sul (R$ 1.207,13), Rio
de Janeiro (R$ 1.194,19), Paraná (R$ 1.129.36) e Minas Gerais (R$
1.011,21). Confira o ranking completo dos Estados na Tabela I.
Capital – Entre as capitais, Natal ocupa a 12ª
posição no ranking do gasto per capita em saúde. Considerando apenas a
despesa com recursos próprios da cidade, o valor anual é de R$ 362,99
por pessoa. No ranking, o destaque positivo recai sobre Campo Grande
(MS), com um valor correspondente a R$ 686,56 per capita ano. Na
sequência, aparecem São Paulo (SP), com R$ 656,91; Teresina (PI), que
dispensa R$ 590,71; Vitória (ES), com R$ 547; e Rio de Janeiro (RJ), com
R$ 533,92.
Entre os piores desempenhos figuram Macapá (AP), com R$ 156,67; Rio
Branco (R$ 214,36); Salvador (BA), com R$ 243,40; e Maceió (AL), com R$
294,46. Considerando-se 26 capitais, à exceção de Brasília, que possui
uma especificidade administrativa que não permite esse cálculo, a média
nacional ficou em R$ 398,38 per capita aplicados pelas Prefeituras em
ações e serviços de saúde. Confira o ranking completo das Capitais na
Tabela II.
Governo Federal – O cálculo do volume de recursos
enviados pela União aos Estados e municípios para ajudar no custeio e no
investimento em ações e serviços de saúde foi feito com base em
critérios baseados nas necessidades da população; nas dimensões
epidemiológicas, demográficas, socioeconômicas e espacial; e na
capacidade de oferta de ações e de serviços de saúde. Além disso, o
rateio deve ter como objetivo a “progressiva redução das disparidades
regionais”, conforme estabelece a Constituição Federal.
Ao avaliar os dados disponíveis no Sistema Integrado de Planejamento e
Orçamento (SIOP), administrado pelo Ministério de mesmo nome, o CFM
conseguiu identificar o total dos repasses por Estado, no período (2008 a
2017). Depois, dividiu esses números pela população residente em cada
unidade da federação, conforme estimativa do Instituto Brasileira de
Geografia e Estatística (IBGE), o que permitiu identificar o valor médio
per capita dos repasses por Estado.
Em 2017, as transferências federais ficaram, em média, em R$ 552,35.
Por região, o pior desempenho foi no Norte (R$ 287,43), seguido do
Sudeste (R$ 324,72), do Nordeste (R$ 334,24), do Sul (¨R$ 378,83) e do
Centro-Oeste, com R$ 754,46, cujo resultado sofreu o impacto da
distorção causada pela concentração de recursos do Ministério da Saúde
no Distrito Federal.
Estados – O segundo item da operação que permitiu ao
CFM saber exatamente o gasto per capita por Estado se baseia na análise
dos valores destinados especificamente a Ações e Serviços Públicos de
Saúde descritos nos orçamentos de cada Governo Estadual. Esses números
integram relatórios que bimestralmente são encaminhados à União por meio
do Siops.
De acordo com o declarado, os governos dos 26 estados e do Distrito
Federal dispensaram, em média, R$ 315,93 na saúde de cada habitante, a
partir de seus recursos próprios (sem contar com os repasses da União e
os gastos de municípios). Onze estados se colocaram abaixo desse
patamar. Os piores desempenhos foram percebidos na Bahia (R$ 226,56),
Maranhão (R$ 231,48) e Pará (R$ 258,02). Na outra ponta, se destacaram
Roraima, com per capita em saúde de R$ 976,77 ao ano, seguido pelo
Distrito Federal (R$ 898,78) e Acre (R$ 736,24).
Municípios – Para fechar a conta da despesa per
capita por unidade da Federação, também se buscou saber qual o
comprometimento orçamentário dos municípios com essa responsabilidade
legal. Nesse caso, foram analisadas as informações oficiais das
Prefeituras enviadas ao Ministério da Saúde, também por meio do Siops. A
alimentação desse sistema é uma das condições para que Estados e
municípios possam continuar recebendo transferências constitucionais e
voluntárias da União, como, por exemplo, os Fundos de Participação dos
Municípios (FPM) e de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Dessa contabilidade dos recursos municipais, foram excluídos pelo
Siops Fernando de Noronha (PE) e Brasília (DF), também por configurações
administrativas específicas. Assim, somou-se o declarado por todos os
municípios de um Estado e se dividiu o resultado pela população total. O
resultado mostra que os 5.568 municípios que têm essa obrigação legal e
administrativa responderam, em 2017, por uma despesa per capita em
saúde que ficou, em média, em R$ 403,37.
Por unidade, os melhores desempenhos médios foram percebidos entre os
municípios de São Paulo (R$ 601,98), Mato Grosso do Sul (R$ 567,74),
Mato Grosso (R$ 502,22), Santa Catarina (R$ 471,91) e Paraná (R$
470,93). Já nas últimas posições ficaram as médias das cidades do Amapá
(R$ 141,55), Acre (R$ 170,76), Pará (R$ 206,55), Maranhão (R$ 225,09) e
Alagoas (R$ 241,38). Considerando a média nacional, além dos municípios
desses Estados, os de outras 12 unidades da Federação também ficam
abaixo do parâmetro nacional.
Confira a íntegra do estudo do Conselho Federal de Medicina em http://portal.cfm.org.br/