O preço médio da gasolina nas refinarias da Petrobras voltou a cair
na terça-feira(13), ao menor nível desde o início de abril, enquanto as
frequentes reduções nos valores nas últimas semanas não estão sendo
repassadas para as bombas, o que indica que distribuidores e
revendedores estão recompondo margens.
Conforme a petroleira, o valor do combustível fóssil diminui 0,71 por
cento em suas refinarias frente o praticado nessa segunda-feira.
Em novembro, a gasolina da Petrobras já acumula queda de quase 11 por
cento. Em relação às máximas vistas em meados de setembro, o tombo é de
26,2 por cento.
Os sucessivos cortes da Petrobras seguem-se ao enfraquecimento do
dólar ante o real e das referências internacionais do petróleo, fatores
utilizados pela companhia em sua sistemática de reajustes diários.
Nos postos, contudo, o movimento é bem mais tímido. Nas últimas duas
semanas, o recuo foi de 1,4 por cento, para 4,658 reais por litro,
praticamente estável ante o observado em setembro, de acordo com dados
da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
“Só em novembro, o preço da gasolina caiu mais ou menos 20 centavos
nas refinarias. Considerando-se fatores técnicos, de mistura (de etanol
anidro), a queda nos postos deveria ser de 14 centavos”, calculou Bruno
Valêncio, diretor da consultoria especializada em combustíveis Valêncio.
“Existe uma possibilidade de essa redução (nas refinarias) ter virado margem para as distribuidoras”, avaliou.
Na mesma linha, o diretor da comercializadora Bioagência, Tarcilo
Rodrigues, também disse que “o momento é de recomposição de margem da
cadeia”.
“A cadeia está tentando segurar essa descida (da gasolina) com o
objetivo de recompor margem, tanto a revenda (posto) quanto a
distribuição”, afirmou, ressaltando que o valor do etanol anidro,
misturado ao derivado do petróleo, não está exercendo influência por
ora.
“Embora a participação seja de 27 por cento na base (da gasolina), o etanol anidro também está em queda.”
Com efeito, monitoramento do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que o preço do biocombustível nas
usinas de São Paulo, referência para o país, caiu 4,5 por cento nas
últimas duas semanas, embora esteja 3,6 por cento acima do alcançado em
meados de setembro.
OUTRO LADO
Procurada pela Reuters, a Fecombustíveis, que representa os
interesses de cerca de 40 mil postos revendedores de combustíveis do
país, disse que o repasse do menor custo nas refinarias “não acontece na
mesma velocidade e proporção nas bombas” devido ao funcionamento da
cadeia de combustíveis.
“Pelas regras atuais, os postos não podem comprar gasolina e diesel
direto das refinarias, compram apenas das companhias distribuidoras, que
são responsáveis por toda a logística do abastecimento nacional em
todos os estados brasileiros… Os preços da revenda estão ligados
diretamente aos preços das companhias distribuidoras, ou seja, se elas
reduzirem, os postos, consequentemente, também repassam a redução”,
afirmou a entidade, em nota.
“Vale destacar que os preços dos combustíveis são livres em todos os
segmentos. A Fecombustíveis não interfere no mercado. Cabe a cada posto
revendedor decidir se irá repassar ou não as quedas ao consumidor, de
acordo com suas estruturas de custo”, acrescentou.
Também procurada, a Plural, associação que responde pelas
distribuidoras, afirmou que “cada litro de gasolina, etanol ou diesel
vendido no país tem seu preço composto por cinco parcelas distintas”,
sendo estas de custo de produção, de logística, de tributos federais, de
tributo estadual e de margem dos distribuidores e dos revendedores.
“A exemplo da gasolina, apenas duas dessas variáveis, custo do
produto e tributos, são responsáveis por mais de 80 por cento do preço
final, e a margem média dos distribuidores representa menos de 5 por
cento”, afirmou a Plural, citando informações da ANP e do Ministério de
Minas e Energia.
Conforme a Plural, vários desses custos registraram aumento nos últimos meses.
No caso do ICMS, por exemplo, disse a associação, cada Estado tem sua
própria alíquota e seu preço de pauta, que é divulgado a cada 15 dias.
Nos últimos 11 meses o aumento acumulado na média Brasil do ICMS da gasolina foi de 14 por cento, segundo a Plural.
Atualmente, a reguladora ANP realiza uma consulta pública sobre
transparência dos preços dos combustíveis nos postos. A expectativa é
concluir a regulamentação disso ainda neste ano.
Extra com Reuters
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