domingo, 6 de abril de 2014

Forças Armadas vão colocar 800 homens em patrulha na Maré

Rio (AE) -  Forças Armadas assumiram na manhã deste sábado o patrulhamento do complexo de favelas da Maré, na zona norte do Rio, sem registros de confrontos. Os 2.500 militares (2.050 da Brigada de Infantaria Paraquedista e 450 fuzileiros navais) substituíram os policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e de outros batalhões, que ocupavam a área desde o domingo passado.
Tanques de guerra já ocupam locais estratégicos nas favelasTanques de guerra já ocupam locais estratégicos nas favelas

Os primeiros tanques e outros veículos militares começaram a entrar no conjunto de favelas por volta das 6 horas. A Maré é composta por 15 comunidades, onde moram 130 mil pessoas. Na área atuam, duas facções criminosas (Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro) e uma milícia. A manhã terminou sem confrontos, prisões ou apreensões. Apesar da movimentação, a rotina parecia pouco alterada. O comércio funcionou normalmente, incluindo a feira livre da Vila do João.

A aparente tranquilidade, porém, não é permanente. Há relatos de pessoas ameaçadas por traficantes depois de conceder entrevistas à imprensa após a ocupação pela Polícia Militar, no último domingo. Por isso, a maioria dos moradores prefere não se manifestar sobre a ocupação. "Nunca vi esse lugar tão tranquilo, está calmo até demais", contou um rapaz, sem se identificar, enquanto comprava pães na Avenida do Canal 2, na Vila do João. "Arma eu vejo todo dia, tanque de guerra não", contou Maria do Carmo, de 47 anos, enquanto fotografava um blindado da Marinha na mesma favela.

A entrada das Forças Armadas se segue a uma operação planejada, incluindo a ocupação pela PM uma semana antes. A preparação para a ocupação resultou na morte de 16 criminosos, segundo balanço da Secretaria de Segurança. Na véspera da ocupação, a Polícia Federal apreendeu armas, munição e drogas transportadas em um caminhão frigorífico, na Rodovia Presidente Dutra. A investigação indica que o carregamento seria distribuído em favelas que já têm Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), para reforçar ataques.

A partir de agora, os becos e vielas do Complexo da Maré, vão ser patrulhadas por cerca de 850 militares por turno. O efetivo nas ruas será quase 200% maior que os 300 policiais militares que atuavam por dia na região desde o último domingo. Isso porque a escala de trabalho das tropas federais é diferente da PM. E o número pode aumentar rapidamente, visto que outros 850 homens estarão permanentemente de prontidão para agir em caso de necessidade. No total, serão empregados 2.050 militares do Exército, 450 da Marinha e 200 policiais militares.

As Forças Armadas estão em alerta devido ao protesto contra a ocupação pela tropa da Maré convocado pelas redes sociais. Até o fim da tarde de sexta-feira, a manifestação, intitulada “Maré resiste!”, tinha mais de 400 confirmações no Facebook. Os militares já foram informados do evento e orientados a ignorar eventuais provocações.

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