Ciro Marques
Repórter de Política
Francisco José Júnior (PSD) entrou para a história de Mossoró e fez isso não só por derrotar, na eleição suplementar realizada neste domingo, o temido DEM. Entrou para a história por ter a maior votação da história da Capital do Oeste. Foram 68.915 mil votos, o que representou quase 90% dos votos válidos, uma vez que a votação da “candidata” Larissa Rosado (PSB) foi considerada nula pela condição de inelegibilidade dela.
Isso, inclusive, o leitor d’O Jornal de Hoje até já sabia que aconteceria. Este vespertino foi o único a alertar essa situação, ressaltando que os votos apareceriam como nulos, mas seriam contabilizados. Dessa forma, o eleitor de Larissa, ao ver a apuração, não se surpreendeu com o fato dela não ter saído do 0% durante toda a votação.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), dos 167 mil eleitores mossoroenses, 134,5 mil votaram no pleito suplementar. Francisco José Júnior teve 68.915 votos e foi seguido, oficialmente, por Cinquentinha (PSOL), com 3.825 votos; Josué (PSDC), com 3.025; e Gutemberg Dias (PC do B), com 2.265 votos. “A candidata Larissa Rosado teve os seus votos computados como nulos, uma vez que o seu registro de candidatura encontra-se sub judice em razão do indeferimento pelo Juiz Eleitoral. O número total de votos nulos foi de 52.053″, explicou a assessoria de comunicação do Tribunal Regional Eleitoral.
Larissa Rosado, segundo o jornalista Carlos Santos, de Mossoró, teria conseguido 37.053 votos, o que representaria 27.55% do total. E isso significa dizer que, mesmo que ela não tivesse os votos anulados, seria derrotada pela votação recorde de Francisco José Júnior.
Por sinal, essa foi a menor votação que Larissa Rosado já recebeu numa disputa pela eleição de Mossoró. Candidata pela terceira vez à Prefeitura do segundo maior colégio eleitoral do Estado, a deputada estadual do PSB caiu quase que pela metade com relação a eleição passada, realizada em 2012, quando recebeu 63,3 mil votos. Ou seja: foram 26,2 mil votos perdidos em dois anos.
E não foi só isso. Larissa Rosado ainda enfrentou um candidato que acabou batendo o recorde de votos. Superior em quase 300 votos o recorde anterior de 68.604, da ex-prefeita Cláudia Regina, do DEM, cassada em novembro do ano passado, acusada de conseguir, boa parte desses votos, por meio de condutas vedadas e compra de votos.
FRANCISCO DANTAS
Já na cidade de Francisco Dantas compareceram às urnas 2.219 eleitores (93,47% do eleitorado). O vencedor do pleito foi o candidato Wandeilton que obteve 1.053 votos, o que correspondeu a 100% dos votos válidos. Houve 1.146 votos nulos, ressaltando que a candidata Aparecida teve o seu registro de candidatura indeferido pelo Juiz eleitoral e recorreu da decisão ao TRE-RN.
Larissa Rosado muda de opinião e busca “tapetão” para barrar posse do prefeito
Poucos eleitores acreditaram nas fortes críticas que a coligação de Larissa Rosado (PSB) fez ao “tapetão” na eleição suplementares deste ano, até porque ela usou e abusou do meio jurídico em 2013, com o intuito de tirar a prefeita Cláudia Regina (DEM) da Prefeitura de Mossoró. Por isso, não causou qualquer espanto o fato de Larissa, ao final do pleito e diante de uma nova derrota nas urnas, denunciar o vencedor, Francisco José Júnior (PSD) por supostas irregularidades realizadas durante a campanha.
O advogado Wellington Filho, assessor jurídico do DEM, protocolou em nome da Coligação Força do Povo, da ex-prefeita Cláudia Regina, 12 ações contra Francisco José Júnior. A Coligação Unidos Por Mossoró, de Larissa Rosado, protocolou outras três ações, também contra o pessedista.
O fato curioso dessa situação é que foi, justamente, a candidata Larissa Rosado quem mais criticou o chamado “tapetão” durante a campanha. “Querem ganhar no apito, porque eles têm medo de Larissa. Mas, os adversários que se preparem, porque Larissa será não só a prefeita de Mossoró, mas uma das melhores prefeitas do Brasil”, afirmou o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, do PMDB, um dos apoiadores de Larissa durante a campanha.
E o “tapetão” era, inclusive, um recurso que a coligação de Larissa Rosado afirmou, no início da campanha, que não iria utilizar. “A assessoria de Larissa em nenhum momento procedeu assim, e nem procederá. A campanha tem o interesse de estabelecer o debate na sociedade, discutindo suas questões e os problemas que afligem nossas famílias. A disputa queremos no voto”, afirmou um dos membros da coligação em e-mail enviado a este repórter, quando se atribuiu, erradamente, a ela, o pedido de impugnação feito para a candidatura de Cláudia Regina.
Na verdade, os pedidos de impugnação as candidaturas de Cláudia Regina e de Larissa Rosado foram feitos pelo Ministério Público Eleitoral (MPE). As duas foram julgadas procedentes, porque ambas tinham condenações no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) – a democrata sofreu 12 condenações e a pessebista, duas.
Boa parte das condenações de Cláudia Regina, ressalta-se, foram estimuladas por representações feitas pela coligação de Larissa Rosado e não apenas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE).
Francisco José Júnior: “Vitória foi recado aos acordões”
A luz amarela deve está acesa na aliança entre PMDB, PR, PSB e outros 10 partidos. Bom, pelo menos, é isso que imagina-se após a vitória da parceria PSD/PT na eleição suplementar de Mossoró derrotando, justamente, a candidata pessebista aliada aos peemedebistas.
“As eleições estaduais estão muito próximas e o resultado aqui não deixa de ser um recado aos acordões. O povo está cada dia mais livre e consciente. Os movimentos em todo o Brasil mostram que o país quer mudança e essa mudança começa por Mossoró”, afirmou o prefeito interino e recém eleito Francisco José Júnior, do PSD, em entrevista a jornalista Thaisa Galvão.
Segundo Francisco José Júnior, que até outubro de 2012 era presidente da Câmara Municipal de Mossoró e, em 2012, foi reeleito para o cargo de vereador com cerca de dois mil votos, a vitória com recorde de votação dá mais responsabilidade para a gestão. “Eu vou ter um vice para me ajudar e serão 12 partidos”, afirmou ele, acrescentando que fará uma reforma no secretariado para apoiar os aliados.
Silveirinha, como é conhecido, garantiu que apoiará o presidente estadual do PSD, Robinson Faria, e deverá ficar ao lado do Partido dos Trabalhadores no próximo pleito. “Sou uma pessoa de partido, aliado ao vice-governador há mais de oito anos, então a gente pretende marchar para onde o PSD estadual direcionar”, afirmou ele, acrescentando que “Sou filiado ao PSD, partido do vice Robinson Faria. Fizemos uma parceria com o PT, indicando o vice-prefeito. Isso, administrativamente, será muito bom, porque vai estreitar os laços com o Governo Federal, vai significar mais obras e desenvolvimento para a cidade. Politicamente, estou ligado ao meu partido e também ao Partido dos Trabalhadores”.
CLÁUDIA REGINA
Francisco José Júnior fez questão de deixar claro que não tem qualquer oposição a ex-prefeita Cláudia Regina, do DEM. “Tenho um espírito muito conciliador e não rompi com ninguém. Eu apoiava, ajudava Cláudia Regina. Aconteceu o afastamento e eu assumi a Prefeitura. Foi a ex-prefeita que se afastou de mim. Não tenho nada contra ela, é uma pessoa boa”, ressaltou ele, acrescentando, no entanto, que a democrata deixou para ele uma gestão nada tranquila.
“Quando assumi a Prefeitura, eram muitas as adversidades. Todo dia era um problema novo. Greves, serviços querendo parar por falta de pagamento, secretários entregando o cargo e eu tendo que trocar em menos de 24 horas”, relembrou.
ADMINISTRAÇÃO
“A prioridade sempre será o tripé de saúde, segurança e educação, mas nós vamos dar uma atenção especial para a mobilidade urbana. Nós temos um sistema deficiente com relação ao transporte público e da acessibilidade”, afirmou Francisco José Júnior.
DIPLOMAÇÃO
Como Larissa Rosado não conseguiu votos suficientes para superar o recorde de Francisco José Júnior, restam poucas dúvidas sobre o resultado do pleito suplementar de Mossoró. Por isso, segundo a Justiça Eleitoral, a diplomação deverá ocorrer nos próximos dias. Até o dia 31 de maio, pelo menos. A posse será na Câmara Municipal de Mossoró e tem que ser, obrigatoriamente, após a diplomação.