Agência Brasil
Publicação: 11/04/2014 21:43
Atualização: 11/04/2014 21:51
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O repórter Bruno Amorim, do jornal O Globo,
foi preso por estar fotografando a ação dos policiais com a acusação de
estar "incitando manifestantes". |
O
comportamento de policiais militares (PMs) durante a operação de
desocupação do antigo prédio da Oi, feita hoje (11) na zona norte do
Rio, motivou uma nota de repúdio por parte do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Município do Rio de Janeiro. Grande parte dos
profissionais de imprensa foi mantida muito afastada do local onde
ocorria a desocupação, sem poder registrar imagens nem entrevistar
moradores. Em vários momentos, o PMs agrediram verbalmente e até
fisicamente repórteres e fotógrafos que tentavam trabalhar.
O
repórter Bruno Amorim, do jornal O Globo, foi preso sem motivação legal,
apenas porque estava fotografando a ação dos policiais, que o acusaram
de estar "incitando os manifestantes". Mesmo se identificando como
jornalista, mostrando o crachá da empresa, ele foi detido e levado para a
25ª Delegacia de Polícia, onde acabou liberado.
Na nota
intitulada “Em repúdio à violência policial contra jornalistas”, o
sindicato cobra uma posição oficial sobre as agressões. “O Sindicato dos
Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro cobra do
governo, das autoridades da Segurança Pública e do Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro, assim como do Ministério da Justiça,
providências imediatas para garantir a devida e rigorosa apuração dos
desvios de conduta policial ocorridos na operação militar feita na manhã
desta sexta-feira na Favela da Telerj, no Engenho Novo, zona norte da
cidade.”
E prossegue: “Manifestamos absoluto repúdio às violações
aos direitos humanos e à democracia que foram perpetradas pela Polícia
Militar na operação. Entre os presos e feridos, o repórter Bruno Amorim,
do jornal O Globo, foi rendido com uma chave de braço por PMs, que
arrancaram os seus óculos, apreenderam o seu celular, filmaram o seu
rosto e o levaram preso para a 25ª DP (Delegacia de Polícia), de onde
foi liberado horas depois. Outros jornalistas também foram ameaçados,
agredidos e alvos de bombas lançadas de um helicóptero por policiais
militares”.
Por último, a nota divulgada pelo sindicato informa
que serão buscadas medidas que garantam o livre exercício do trabalho
jornalístico. “Ficou claro que o cerceamento ao nosso exercício
profissional teve o notório propósito de impedir o registro das
violações de direitos humanos praticadas pela PM na operação de retirada
da população da favela. Em defesa dos interesses coletivos e
individuais da nossa categoria, o sindicato exige ainda que o governo e
as autoridades de segurança pública do estado do Rio de Janeiro garantam
o fim dessa política de perseguições e ataques de policiais militares
contra os jornalistas. Estudamos as medidas cabíveis para
responsabilizar o Estado não só pelos abusos verificados nesta manhã,
como também pelo sistemático cerceamento que a nossa profissão tem
sofrido historicamente por meio de intimidação e violência armada.”
A
PM foi procurada para se posicionar sobre a nota do sindicato, por meio
de sua assessoria de imprensa, mas até a publicação desta matéria ainda
não havia se pronunciado.