segunda-feira, 16 de junho de 2014

Terreno entre edifícios atingidos pode ser desapropriado. Prefeitura do Natal pretende implantar novo projeto de drenagem e evitar construções na área

AREIA PRETA
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Marcelo Lima
Repórter
A Prefeitura do Natal decretou nesta segunda-feira (16) estado de calamidade pública em razão da destruição causada pelas chuvas que caíram ininterruptamente desde a manhã da última sexta-feira ao meio-dia de domingo. Para avaliar o que pode ser feito emergencialmente, uma comissão de quatro engenheiros civis sobrevoaram hoje o local de maior destruição da capital: Rua Guanabara, no bairro de Mãe Luíza, zona Leste da capital.
De acordo com o secretário de Obras Públicas e Infraestrutura, Tomaz Neto, a Prefeitura de Natal planeja um novo projeto de drenagem para aquela área, com grande possibilidade de desapropriação do terreno entre os edifícios Infinity e Aldebaran. “Naquela região não vai poder ter mais construção. Vamos ter que entrar em entendimento com o proprietário”, disse.
Para tentar evitar novos desabamentos, uma comissão formada por quatro engenheiros realizou uma vistoria hoje pela manhã no local. “Temos quatro engenheiros que vão fazer essa avaliação, um deles é especialista em encostas. Com esse sobrevôo, eles vão poder visualizar melhor o problema”, disse. O helicóptero foi cedido depois de contato com a Segurança Pública do Governo do Estado.
Uma das alternativas para tentar evitar um novo desmoronamento caso volte a chover, é cobrir as áreas de risco. “A gente imagina cobrir aquela encosta com lonas, enquanto a chuva não parar. Também já recebi a recomendação para não colocar porque isso poderia encobrir outro desmoronamento caso venha acontecer. Mas é isso que vai ser analisado também nesse sobrevoo”, ponderou o secretário.
Por enquanto, a Avenida Silvio Pedroza, já em Areia Preta, continuará com todo o entulho que desceu de Mãe Luíza. “Vai continuar interditada porque se nós retirarmos aquela areia que está ali a que está na parte de cima vai cair”, disse o diretor do departamento de Defesa Civil do município de Natal, Eugênio Soares.
Na sexta-feira, quando houve o primeiro desmoronamento da encosta, não foi esse o procedimento da Prefeitura de Natal. No mesmo dia, o município providenciou máquinas para a retirada de todo o entulho da via. Para o secretário Tomaz Neto isso não influenciou na nova queda da encosta. “Pela intensidade das chuvas, teria caído com areia ou sem areia embaixo”, comentou.
Ainda de acordo com o secretário, um desmoronamento semelhante havia ocorrido há 20 anos na mesma região “e foi provocado pela obstrução do esgoto e drenagem”. Segundo ele, a motivação foi a mesma desta vez. “Tudo começou ali por causa da obstrução do sistema de esgoto. Estava completamente obstruído, passava tanto por cima da parede de contenção quanto pelo sistema de drenagem”, contou, acrescentando que presenciou o momento do desmoronamento.
A intenção da Prefeitura de Natal é refazer o sistema de drenagem, a reconstrução da Rua Guanabara e das casas atingidas. No entanto, os danos aos dois prédios de Areia Preta ainda serão verificados com cautela. “A gente vai consultar os engenheiros calculistas daqueles prédios, mas aparentemente os danos não comprometeram as estruturas”, destacou Tomaz Neto. O decreto de calamidade possibilita, dentre outras questões, contratações de serviços sem a necessidade de licitação.
Vidas salvas
Embora a chuva tenha aberto uma cratera de mais de 200 metros de extensão e 40 de profundidade numa das principais ruas de Mãe Luíza, ninguém morreu em decorrência do desmoronamento. Conforme a Defesa Civil do município, a retida dos moradores da Rua Guanabara ocorreu até por volta das 2h da madrugada do domingo.
“Quando tiramos a última vida, houve o grande desabamento”, relatou Eugênio Soares da Defesa Civil do município. Segundo ele, 80 pessoas em Mãe Luíza tiveram suas casas completamente destruídas ou gravemente comprometidas. Os moradores dos condomínios Aldebaran e Infinity também deixaram seus lares. No somatório de todos os afetados, Soares calcula que sejam 150 pessoas.
A Defesa Civil de Natal também montou pontos de apoio espalhados na cidade para atender situações de emergência: na Rua Guanabara, no bairro Planalto, comunidade do Jacó, nas Rocas, e no Conjunto Santarém, na zona Norte de Natal.
Caern
A Caern se pronunciou em nota e afirmou que está realizando os reparos emergenciais nas redes de esgoto e abastecimento. No entanto, ressalva que um reparo definitivo só deverá ser feito quando toda a área destruída for reconstruída. Ainda segundo a companhia, o abastecimento de água deverá voltar a funcionar nesta segunda-feira, mas só em alguns áreas do bairro de Mãe Luíza. A empresa pública também “lamenta o ocorrido e se solidariza com os natalenses”.

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