domingo, 6 de abril de 2014

São Gonçalo tem planos para crescer com o aeroporto

Desde o início do burburinho em torno da construção do novo aeroporto, São Gonçalo do Amarante tem se preparado para o crescimento esperado. Um dos projetos é a construção de uma adutora municipal, avaliada em R$83 milhões. Com capacidade de 700  mm, ela capta água do Rio Maxaranguape para abastecer  a cidade. O objetivo é que a adutora abasteça a cidade pelos próximos 50 anos – quando a população deverá saltar dos atuais 87 mil habitantes para 270 mil habitantes,  segundo as projeções demográficas do IBGE. A construção da adutora já está 15% concluída.

“Segundo um estudo feito em 2009, teríamos problemas de abastecimento na próxima década se não investíssemos em novas estruturas para abastecimento de água”, comenta o secretário de urbanismo, Hélio Duarte. Atualmente, a principal fonte da cidade são os lençóis freáticos. “Com essa estrutura, poderemos atender não só a demanda futura da população, mas das empresas que vierem a se instalar com  as operações do aeroporto”, acrescenta Duarte.
Setor de serviços e comércio, em São Gonçalo, são as primeiras áreas beneficiadas com aeroportoSetor de serviços e comércio, em São Gonçalo, são as primeiras áreas beneficiadas com aeroporto

Apesar da maior parte da população se concentrar na área urbana do município, São Gonçalo ainda preserva algumas características rurais, como estradas de terra, e enfrenta problemas urbanos, como a falta de saneamento básico. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 39% dos 24.451 domicílios do município ainda não tinham saneamento.

 “Um projeto de saneamento da cidade já está tramitando no Ministério das Cidades”, justifica Hélio Duarte. De acordo com ele, os efluentes gerados pelo aeroporto Aluízio Alves vão ser recebidos na rede municipal de esgotos já tratados e serão encaminhados para uma lagoa de estabilização da cidade.

Com relação ao crescimento urbanístico da cidade, a prefeitura está elaborando um Masterplan – há dois anos – para mapear as áreas de desenvolvimento, residenciais e industriais. “Estamos finalizando o projeto e vamos encaminhá-lo para a Câmara Municipal como parte do Plano Diretor da cidade. discutindo com o Departamento de Estradas e Rodagens, que tem as rodovias estaduais, com a Companhia Brasileira de Transportes Urbanos, uma vez que também está prevista a vinda do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Além disso, também estamos discutindo com o Consórcio Inframérica: o Masterplan deve coincidir com o Masterplan do aeroporto”, avalia Duarte.

O Masterplan para São Gonçalo do Amarante se inspira no Plano Palumbo, implantado em Natal durante a década de 1930. A ideia  é baseada na construção de avenidas largas,, como as que formam os bairros de Petrópolis e Tirol na capital, prevendo o crescimento do trânsito de veículos na cidade. Do Marterplan faz parte a Via Metropolitana, projeto encabeçado pelo Governo do Estado como uma contrapartida à construção do aeroporto. A obra, anunciada em 2008 a um custo de R$130 milhões, prevê a construção de vias que interligassem os municípios da Região Metropolitana de Natal.

Para São Gonçalo, a Via Metropolitana projeta três acessos: um pela BR-406, vindo da avenida Tomaz Landim (acesso por Igapó) e outros dois com origens na rodovia estadual RN-160 e na BR-304. Nem todos devem ficar prontos até o início das operações do aeroporto.

“O da BR-406 e da RN-160 vão ficar prontos até a abertura do aeroporto. Já o da BR-304 deve ficar pronto até a Copa do Mundo. Tem gente que questiona: mas só três acessos? O aeroporto Augusto Severo só tinha um acesso, mas nunca engarrafou, analisa o prefeito Jaime Calado.

Investimentos em capacitação


De acordo com o secretário de desenvolvimento econômico do município, Klênio Ribeiro, várias empresas já demonstraram interesse em se instalar em São Gonçalo do Amarante durante os dois anos de construção do aeroporto. Entre elas duas empresas locadoras de carros, mais de dez restaurantes e uma empresa espanhola que investe no setor de meio ambiente.

Com base nessa procura, Klênio Ribeiro aposta no aumento da geração de emprego e renda na cidade. “Somente com as empresas daqui, geramos mais de mil empregos em 2013. Isso sem falar no pessoal que já está empregado nas obras do aeroporto. Se a gente continuar assim, em três anos São Gonçalo estará com pleno emprego”, garantiu.
Prefeitura está oferecendo cursos de capacitação em línguas para qualificar os taxistasPrefeitura está oferecendo cursos de capacitação em línguas para qualificar os taxistas

Entre as áreas que mais crescem na cidade estão a construção civil, por meio das imobiliárias, e o setor aeroportuário. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do primeiro bimestre de 2014, a corretagem de imóveis foi responsável por abrir 561 novos postos de trabalho no início do ano.

Por meio de parcerias com o Instituto Federal do Rio Grande do Norte e o Sistema S (Sebrae, Senac, Sesc), a Prefeitura tem investido em programas de capacitação, que vão desde cursos de línguas até cursos técnicos e superiores voltados para administração aeroportuária.

A sede do IFRN em São Gonçalo já capacitou, nos últimos três anos, mais de 400 pessoas em cursos de formação inicial e continuada voltados para o suporte ao aeroporto. Já foram oferecidos cursos de agentes de aeroporto, agentes de limpeza de aeronaves e a previsão é que sejam abertos também cursos para auxiliares de rampa e agentes de comissaria. Além disso, a instituição também dispõe de cursos técnicos em informática e logística.

“O foco dos nossos cursos é tecnológico e logístico, justamente para dar suporte a essa nova realidade socioeconômica que São Gonçalo está vivendo. Fizemos um estudo quando nos instalamos no município e descobrimos que a demanda de empregos se concentra nas áreas de construção e logística”, avaliou o coordenador de extensão do IFRN São Gonçalo, Fernando Freire. Segundo ele, três empreendimento comandam esse boom de crescimento: a instalação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Macaíba, o complexo aeroportuário e o crescimento da construção civil e das imobiliárias, impulsionado por programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida.

“O sistema S também ofereceu, nos últimos dois anos, mais de 50 cursos voltados para o suporte aeroportuário”, assinalou o secretário Klênio Ribeiro. Outra vertente da capacitação foi o programa Fala Mais. Criado em 2009, o programa oferece cursos gratuitos de inglês, espanhol e mandarim para os moradores da cidade. As aulas acontecem no centro da cidade e no loteamento Jardim Lola.

De acordo com Letícia Gambetta, coordenadora do programa, o curso já formou mais de 4 mil alunos. O programa também tem oferecido turmas específicas para taxistas, uma vez que um edital lançado pela Prefeitura, em conjunto com a Inframérica, exigiu que os taxistas tivessem uma segunda língua para poder atuarem no aeroporto.

“O curso para taxistas é direcionado para o trabalho deles. Traz expressões e informações que auxiliam no dia-a-dia”, explica a professora de inglês Elidiane Cavalcante. Ela dá aulas para as turmas de taxistas quatro vezes por semana. “Muitas vez o progresso chega e a população não consegue acompanhá-lo. O curso de línguas é uma forma de inserir a população nesse desenvolvimento”, salienta Letícia Gambetta.

O taxista Joaquim Lázaro Soares, de 37 anos, é um dos alunos da turma de inglês. Segundo ele, com a chegada do aeroporto e da Copa do Mundo, a segunda língua é fundamental para a profissão. “Muitos colegas não acreditavam que era necessário, mas quando saiu o edital para o aeroporto viram que não era bobagem. Todos os taxistas que querem trabalhar no aeroporto tiveram que passar por uma entrevista em inglês”, conta Soares.

O jovem estudante José Gabriel Araújo, de 18 anos, percebeu a necessidade de investir em outro idioma ao iniciar o curso de agente de aeroporto no IFRN São Gonçalo. “Já  iniciaram a seleção  no aeroporto e  ter outro idioma é um diferencial.  Não era exatamente o  cargo que eu queria, mas como sempre fui apaixonado por aeroporto, já me sinto realizado”, conta o estudante, que almeja trabalhar como comissário de bordo. Ele planeja dar continuidade à formação.

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