Um show de trapalhadas da Polícia Civil por pouco não resulta em
tragédia no Cidade Satélite, zona Sul de Natal. Ao confundir vítima com
assaltante, agentes da 11ª DP iniciaram uma perseguição com direito a
tiroteio em via pública, atingindo uma jovem que trafegava pelas ruas do
conjunto, junto a filha de 1 ano e meio. Segundo os médicos, faltou
apenas dois centímetros para que a munição perfurasse a jugular da
mulher, provocando morte por hemorragia. O descalabro só não foi maior
porque a criança não sofreu nada. O bandido continua foragido e os
policiais deverão ser ouvidos pela Delegacia Geral de Polícia (Degepol) e
Corregedoria Geral de Polícia.
Tudo começou por volta das 10 horas, após um assalto à loja Space
Nutrition. Segundo a comerciante Glaucielle, o bandido – que já seria
bastante conhecido pelos moradores do Cidade Satélite – entrou no
estabelecimento, fez algumas perguntas sobre os produtos e, em seguida,
anunciou o assalto ao puxar uma faca peixeira da cintura. “Ele pediu
todo o dinheiro do caixa e ainda levou três potes de suplementos”.
Assim que ele saiu, Glaucielle acionou a polícia, como também seu
marido, Wagner Riquelme. Enquanto os agentes tentavam localizar o ladrão
pelo conjunto, presenciaram o proprietário, que chegava apressadamente
ao estabelecimento, em um Corolla Preto. “Ao dar voz de parada, Wagner
se assustou com a abordagem e saiu em arrancada, dando início a uma
perseguição pelo Satélite”, explicou.
Nas proximidades da avenida dos Xavantes, os agentes começaram a
disparar contra o veículo. Foi quando a comerciante autônoma Poliana
Carla Lima, 24 anos, passava no momento com sua filha, em um Ford Ka
branco. A bala atravessou o vidro do veículo e atingiu o queixo da
vítima, próximo ao pescoço.
Desesperada, ele continuou dirigindo até a
casa da sogra, e lá, pediu socorro ao Samu. “Cheguei ensanguentada e
tremendo muito. Graças a Deus, minha filha não foi atingida. Os médicos
deram 21 pontos no meu queixo e disseram que eu tive muita sorte. Nasci
de novo”, desabafou.
Ela pretende processar o Estado pela negligência cometida pelos
policiais civis. “Além do terror que passei, fui ferida por quem deveria
me proteger. Acredito que isso é fruto de uma péssima formação
profissional, já que eles deveriam ter cautela e além de tudo
responsabilidade, ao iniciar um tiroteio em via pública”.
O proprietário da loja, também vítima da violência, foi interceptado e
a confusão foi desfeita. O carro dele ficou perfurado pelos disparos.
Enquanto isso, o assaltante permanece foragido. A suposta imagem do
bandido (abaixo) foi postada no perfil do proprietário da loja, no
Facebook.
A reportagem entrou em contato com o secretário de Segurança Pública e
Defesa Social, Elieser Monteiro Girão, mas ele estava em reunião. O
delegado geral de polícia da Grande Natal (DPGran), Matias Laurentino,
prometeu designar um delegado especial para apurar se houve dolo ou
excessos, por parte dos agentes, após abertura de inquérito policial. A
Corregedoria, segundo ele, também irá acompanhar o caso.
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