Os pais da menina Camila, que despencou do mezanino no segundo andar do Terminal 2 do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim na tarde de sábado, comemoram a recuperação da filha. Para o pai, o argentino Marcelo Palacios, e a mãe, Natalia Busnelli, a recuperação da criança é um milagre. Horas antes do atendimento médico, familiares temiam graves sequelas. Neste domingo, a menina de apenas três anos já falou, mexeus as mãos e os pés e pediu para se alimentar.
O argentino Marcelo Palacios, pai da menina, contou que chegou a ver a filha morta, quando descobriu que a criança que havia caído do mezanino para o saguão do setor de embarque do aeroporto era justamente a sua filha. Segundo ele, a mãe, Natalia Busnelli e os três filhos, subiram para comprar um lanche no mezanino, enquanto que ele aguardava no saguão. Ao ouvir um estrondo, foi alertado por outras pessoas sobre a queda de uma criança:
— Nós tínhamos feito um city tour pela cidade e chegamos no aeroporto por volta de 16h e esperamos para fazer o check-in às 20h a partida era as 22h. Eu fiquei sentado em um fast food e minha mulher subiu com as crianças para comprar algumas coisas. Minha filha apoiou no corrimão da escada rolante e foi puxada para trás, quando tentou apoiar no guarda-corpo encontrou um espaço vazio e caiu. Eu ouvi um estrondo. Pela altura e todo aquele sangue, eu cheguei a ver minha filha morta, mas hoje ela está lúcida, fala, mexe as mãos e os pés, consegue se comunicar. Graças a Deus está se recuperando. É impressionante, ontem achei que ela tivesse morrido e hoje ela está bem, o corpo ficou intacto, sem nenhum arranhão — contou o pai.
Segundo ele, o neuro-cirurgião do hospital Souza Aguiar decidiu não operar a criança, preferindo um tratamento conservador para tratar uma lesão no globo ocular do lado esquerdo e outra fratura no crânio, mas está enxergando normalmente. As primeiras 24 horas já passaram, o que aumenta as chances recuperação da criança.
— Ela já reclamou até que está com fome e disse lembrar que caiu e bateu forte com a cabeça, mas que quer ficar boa logo.
A mulher Natalia e os irmãos Bruno, de 7 anos, e Elias, de 9, estão hospedados no hotel do Aeroporto, mas a família ainda não decidiu se eles voltam para casa antes da recuperação da irmã.
— Foi um susto, mas está tudo bem agora — afirmou a mãe, que preferiu não se prolongar.
Marcelo reclamou da falta de segurança no aeroporto. Segundo ele, hoje os filhos notaram que o local onde a irmã caiu, havia sido alterado:
— Eles disseram que ontem não havia vidro e que hoje, além do vidro, havia uma haste e um cinzeiro para proteger o local. Um funcionário contou que há cerca de três meses quase houve uma tragédia parecida — afirmou
Marcelo contou que chegou ao Rio há cerca de 15 dias para passar as férias com a família em Angra dos Reis. Ele já conhecia São Paulo e havia decidido evitar a cidade carioca, por achar o trânsito muito violento:
— Aqui é muito perigoso. Os motoristas não respeitam a velocidade e insultam quem anda dentro do limite de velocidade. Viemos de Angra que é uma estrada muito perigosa, mas achei que ao chegar no aeroporto, minha família estaria segura. E acontece isto.
A Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (DAIRJ) instaurou inquérito para apurar crime de lesão corporal. Ainda ontem foram ouvidos os pais da vítima, funcionários da Infraero e também o médico que atendeu a criança após o fato. Imagens de câmeras de segurança do aeroporto já estão sendo analisadas.
As investigações estão em andamento e a polícia procura possíveis testemunhas que possam ajudar a esclarecer o caso. Os agentes aguardam o resultado dos laudo pericial de local e também o boletim de atendimento do hospital, que foi encaminhada para o Souza Aguiar. As investigações estão em andamento para apurar os fatos.
Na manhã deste domingo, no espaço de cerca de 19 centímetros entre a guarda corpo do mezanino e a escada rolante — por onde a criança passou antes de cair em queda livre de uma altura de cerca de sete metros — foram colocados um cinzeiro e uma haste de metal móvel, fechando a abertura entre aquela escada e a grade de contenção. No entanto, o mesmo risco permanece nos outras três escadas que existem no local.
Uma funcionária de uma empresa de serviço de limpeza que atua no local informou que a menina estava brincando com os dois irmãos e vinha andando, segurando por toda a extensão do guarda corpo quando, ao tentar passar pelo vão para o outro lado, acabou caindo.
A Infraero informou que o guarda-corpo junto às escadas rolantes segue o padrão usado em outros locais.
O Globo