quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Juros devem cair nesta quarta ao menor nível desde 1986

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá nesta quarta-feira (6) e a expectativa dos analistas do mercado financeiro é que a taxa básica de juros da economia será reduzida dos atuais 7,5% para 7% ao ano.

A reunião do Copom desta quarta é a última de 2017. A decisão sobre a Selic será anunciada pelo Banco Central após as 18h.
Se confirmada a previsão dos economistas, a Selic será reduzida pela décima vez consecutiva e atingirá o menor patamar desde 1986, quando começou a série histórica do Banco Central.

Até agora, a menor taxa de juros já registrada é a que vigorou entre outubro de 2012 e abril de 2013, em 7,25% ao ano.
Economistas do mercado financeiro, contudo, trabalham com séries históricas mais antigas que a do BC e, segundo estudo de Maurício Molan, do banco Santander, se confirmada a 7% ao ano, a taxa interbancária “overnight” (muito próxima à Selic) será a menor dos últimos 60 anos.
Nova queda em 2018
A estimativa dos analistas é que a Selic deverá ter uma nova queda em fevereiro de 2018, quando o Copom se reunirá novamente.
A previsão do mercado é a de que a Selic será reduzida para 6,75% ao ano, permanecendo neste patamar até dezembro de 2018 – quando poderá subir para 7%, segundo estimativa dos analistas.
Como o BC define a Selic
A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2017 e para 2018, a meta central de inflação é de 4,5%, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais, ou seja, o IPCA pode variar entre 3% e 6% nestes anos sem que a meta seja formalmente descumprida.
Normalmente, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic na expectativa de o encarecimento do crédito freiar o consumo e, com isso, a inflação cair. Essa medida, porém, afeta a economia e gera desemprego.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o BC reduz os juros. É o que está acontecendo neste momento.
Após uma longa recessão, a economia dá sinais de reaquecimento, segundo analistas, mas os preços ainda seguem comportados por conta de boas safras agrícolas.
De janeiro a outubro, segundo o IBGE, a inflação oficial, medida pelo IPCA, ficou em 2,2%, o menor para este período desde 1998.
Para 2017, o mercado financeiro prevê que a inflação ficará em 3,03%, abaixo da meta de 4,5% fixada pelo CMN para este ano. A meta central de inflação não é atingida no Brasil desde 2009.
Segundo o colunista do G1 e da GloboNews João Borges, aumentou a probabilidade de a inflação fechar 2017 abaixo de 3%, abaixo do piso da meta.
Taxas bancárias altas
Mesmo com a taxa Selic próxima do menor patamar das últimas três décadas, os juros bancários seguem em níveis elevados para padrões internacionais, segundo os economistas do mercado.
Em outubro deste ano, segundo o BC, a taxa média de todas as operações (pessoas físicas e jurídicas, com recursos livres) somou 43,6% ao ano – muito acima da taxa básica.
Rendimento da poupança
Se confirmado o novo recuo da Selic nesta quarta, o rendimento da poupança também deverá cair a partir desta quinta (7).
Isso porque a regra atual, em vigor desde maio de 2012, prevê corte nos rendimentos da poupança sempre que a Selic estiver abaixo de 8,5%.
Nessa situação, a correção anual das cadernetas fica limitada a um percentual equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial, calculada pelo BC. A norma vale apenas para depósitos feitos a partir de 4 de maio de 2012.
A medida visa evitar que a poupança fique mais atrativa que os demais investimentos, cujos rendimentos caem junto com a Selic. Sem o redutor, a poupança passaria a atrair recursos de grandes poupadores, que deixariam de comprar títulos públicos.
Se o juro básico da economia recuar para 7% ao ano, a partir desta quinta a correção da poupança passará a ser de 70% desse valor – o equivalente a 4,9% ao ano, mais Taxa Referencial.
‘Excelente opção’
Mesmo assim, segundo cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a poupança “vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano”.
O rendimento da poupança pode ficar ainda menor caso o Copom promova novos cortes na Selic nos próximos meses – analistas consultados pelo BC estimam que os juros básicos caiam para 6,75% ao ano em fevereiro.
No fim do ano passado, dado mais recente, o país tinha mais de 148 milhões de contas poupança ativas, que concentravam R$ 658 bilhões. Em setembro deste ano, o valor já havia subido para R$ 694 bilhões.
G1

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