quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Temer diz que Brasil tem tendência a caminhar para o autoritarismo

Em discurso nesta quarta-feira, feriado da Proclamação da República, o presidente Michel Temer (PMDB) defendeu a importância da democracia para o país e condenou o autoritarismo. Para ele, os brasileiros têm vocação “centralizadora”. A declaração foi feita durante um evento em Itu, interior de São Paulo, que homenageou um amigo de Temer, o advogado José Eduardo Bandeira de Melo.
— Se não prestigiarmos certos princípios constitucionais, a nossa tendência é caminhar para o autoritarismo, para uma certa centralização. O povo brasileiro tem certa tendência à centralização — disse Temer.
O motivo da transferência da sede do governo para Itu nesta manhã, segundo Temer, foi um gesto para enaltecer valores republicanos como a democracia. Itu é considerada o berço da Proclamação da República. Em 1873, a cidade sediou a primeira reunião do movimento pró-República.
Num sobrevoo histórico sobre os períodos autoritários no Brasil, o presidente concluiu que eles se deram “não simplesmente por um golpe de estado mas porque o povo também queria”.
Todo um aparato de governo foi deslocado nos últimos dias para Itu para que o presidente pudesse participar da homenagem ao amigo. Isso inclui dois helicópteros, uma comitiva de cinco veículos somente para a segurança dele, fora toda a equipe de retaguarda que chegou à cidade há pelo menos dois dias.
Bandeira de Melo foi sócio de Temer no primeiro escritório de advocacia dele. A ideia de transferir a capital do país para a cidade paulista foi dada ao presidente pelo amigo. Simbolicamente Temer fez alguns despachos na prefeitura antes de participar da entrega do título de cidadão ituano a Bandeira de Melo.
— A República e a federação foram fatos extraordinários. Como Itu foi o berço da República, viemos aqui para comemorar esse evento e dar um abraço no amigo.
Em retribuição, Bandeira de Melo foi só elogios ao governo do antigo sócio.
— Tenho profundo orgulho da presença do presidente Michel Temer, que se mostrou não um político mas um estadista.
Temer exaltou conquistas do seu governo na economia e não mencionou nada sobre temas que movimentam Brasília nos últimos dias, como as reformas ministerial e previdenciária. O presidente quer que reforma ministerial renda votos para a reforma da Previdência.
A base aliada reagiu à reforma ministerial anunciada pelo Palácio do Planalto. Após o pedido de demissão do tucano Bruno Araújo (Cidades) na segunda-feira, o presidente anunciou que “até meados de dezembro” concluiria o troca-troca. Seus principais assessores anunciaram que as mudanças atingiriam todos os ministros que querem disputar as eleições em 2018. A reação, porém, não demorou.
O Globo

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