O Ministério Público Federal pretende compartilhar com a Polícia Federal dados dos sistemas que eram usados no dia a dia da área de pagamentos de propina da Odebrecht, o MyWebDay e o Droysis, este último vindo de um servidor da Suíça. O material é considerado a prova mais bombástica entregue pela Odebrecht na sua delação premiada e inclui documentos como extratos bancários de pagamentos a offshores destinados a políticos a planilhas com beneficiários de dinheiro que ainda não apareceram.
Até o momento, porém, os dados só podem ser acessados pelos procuradores, segundo cláusula estabelecida no acordo de leniência, espécie de delação premiada assinada pela pessoa jurídica. Envolvidos nas tratativas relatam que a opção de manter o MPF como único detentor dos documentos tinha o objetivo de evitar que o conteúdo vazasse.
No entanto, integrantes da PF avaliam nos bastidores que o MPF se colocou como único a custodiar as informações porque queria ter o monopólio para manuseá-las. Em relação à Odebrecht, avaliam que a empresa tem receio de que fatos não abordados na delação possam ser explorados pelos policiais.
Em setembro, após a defesa do ex-presidente Lula pedir acesso a todos dados do MyWebDay e do Drousys, o juiz Sergio Moro decidiu que os sistemas deveriam ser periciados pela PF e determinou que a cláusula que proíbe o compartilhamento fosse flexibilizada. No entanto, o juiz não autorizou que os advogados do ex-presidente tivessem a íntegra dos sistemas já que eles trazem provas ligadas a outros casos.
Desde então, procuradores da força-tarefa de Curitiba e advogados da empreiteira negociam em que termos esse acesso será dado à PF. Ambos defendem que o material deve ser compartilhado para que a perícia prove sua veracidade, mas avaliam impor restrições quanto ao acesso indiscriminado a documentos que não façam parte de ações penais ou investigações em curso.
A Moro, a força-tarefa solicitou que o compartilhamento desses dados ficasse restrito à PF do Paraná e autorizou que um assistente técnico indicado pela Odebrecht acompanhasse a perícia policial.
O MyWebDay era usado na área de pagamentos de propina da Odebrecht, o setor de operações estruturadas, para fazer o controle interno de movimentações ilegais. O Drousys era utilizado pelos funcionários do setor para se comunicarem com os operadores que geravam dinheiro ilícito e com os responsáveis por fazer as entregas em espécie.
O Drousys chegou a ser transferido para a Suécia com a eclosão da Lava Jato, em 2014. No entanto, os dados desse sistema estão com a força-tarefa desde março. Já as informações do MyWebDay estão com os procuradores desde agosto.
O Globo
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