Os estagiários do curso de Psicologia da UFRN, Victor Belarmino, Janine Araújo e Letícia Lívia debruçaram-se sobre os dados dos atendimentos realizados pelo Centro de Referência Elizabeth Nasser e Casa Abrigo Clara Camarão – da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (Semul). Com base nos números, traçaram um perfil da situação da mulher atendida por esses equipamentos nos últimos três anos.
Primeiramente eles compararam os números absolutos de atendimentos realizados desde 2013 até agora, por semestre. O período que registrou maior alta foi o segundo semestre de 2015 (79), seguido pelo primeiro semestre do mesmo ano (65) e pelo primeiro semestre de 2016 (54).
A maioria da demanda é proveniente da zona norte da capital, com 72% do total, seguida pela zona oeste, com 15%. Essas mulheres têm idade entre 19 e 40 anos e são predominantemente de cor parda (47%) e negra (9%). O índice de mulheres que se dizem brancas ficou em 26,9%.
Em relação à escolaridade, 35% disseram ter o Ensino Fundamental incompleto, 25% o Ensino Médio completo e 17,9%, o Ensino Médio incompleto. A maioria disse estar em uma união estável (51%), e o percentual de solteiras e casadas empatou: 19%.
Sobre a ocupação, 25% informaram estar desempregadas e 15% se disseram donas de casa. O percentual de autônomas ficou em 14%.
De todos os dados compilados, o que mais impressiona são os referentes aos tipos de violência sofrida pelas mulheres. A maioria delas, 66%, relataram ter sido vítimas de mais de dois tipos de violência, enquanto que 16% disseram ter sofrido todos os tipos: física, psicológica, patrimonial, sexual.
O agressor em sua maioria é o parceiro, relatado por 90% das mulheres, e o local onde ocorrem os episódios de violência é a residência onde o casal vive. O quadro de agressões já vinha ocorrendo há mais de dois anos, de acordo com o depoimento de 60% das mulheres. E o motivo descrito por elas é o ciúme, segundo 41% delas.
A frequência das agressões sofridas por elas era diariamente (37%), uma a duas vezes por semana (13%) e nos finais de semana (11%). A maioria das mulheres atendidas pelos equipamentos da Semul (86%) são encaminhadas pelas Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAM). O restante procura o serviço por iniciativa própria. E a maioria já chega aos equipamentos com o registro da queixa contra o agressor (76%).
O levantamento realizado pelos estudantes será utilizado pela Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres para futuras ações direcionadas à orientação nas comunidades sobre onde buscar ajuda em caso de violência contra a mulher, de acordo com a secretária Aparecida França.
“É sempre muito rica essa troca de saberes e experiência entre a Universidade, através dos estagiários que recebemos, e nossa equipe de servidores, pois resulta sempre em melhorias para os serviços das políticas públicas e, consequentemente, para o atendimento às mulheres em situação de violência”, aponta Aparecida.
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