Acusações de envolvimento em propinas, após novas delações de Sérgio
Machado e a informação vazada que Henrique teria, assim como Eduardo Cunha,
contas bancárias não declaradas na Suíça, levaram Henrique a cair do Ministério
e se desgastar.
Por: Cefas Carvalho e José Pinto Júnior
Com o intuito de alavancar sua
tentativa de reeleição como prefeito de Natal, há alguns meses Carlos Eduardo
Alves (PDT) se reaproximou do PMDB, o que chegou a gerar problemas internos no
peemedebismo, incluindo o protesto público do deputado estadual Hermano Morais,
que desejava concorrer novamente à Prefeitura, e não apoiar Carlos. É
importante ressaltar que os dois foram adversários na campanha de 2012, que
elegeu o atual prefeito.
À época, boa parte dos analistas
políticos raciocinou que a estratégia de Carlos Eduardo parecia acertada.
Afinal de contas, o PMDB, partido que detém a maior parte das prefeituras no
estado, possui considerável força estrutural e eleitoral e contava com dois
líderes políticos de primeira grandeza e dimensão nacional – o senador
Garibaldi Alves Filho e o então ministro do Turismo (ainda no Governo Dilma)
Henrique Eduardo Alves, ambos os primos de Carlos.
Pois bem, confiante nos benefícios
desta aliança, o atual prefeito acabou “escanteando” a vice-prefeita Wilma de
Faria (PTdoB) e terminou assumindo disfarçadamente (segundo revelam aliados do
próprio gestor) o compromisso de dar ao PMDB a indicação da candidatura a vice
na chapa que concorrerá nas eleições de 2 de outubro próximo. É importante
lembrar que a reaproximação já acontecera nas eleições de 2014, quando Carlos
apoiou a candidatura de Henrique Alves ao Governo do Estado.
Contudo, com o passar dos meses, o
quadro começou a mudar. Antevendo o afastamento de Dilma, Henrique saiu do
ministério, viu Michel Temer ocupar a presidência, ainda que interinamente, e
novamente foi nomeado ministro do Turismo.
Mas, um mês depois, tudo ruiu para
Henrique. Acusações de envolvimento em escândalo de propinas, após novas
delações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e a informação vazada
que Henrique teria, assim como Eduardo Cunha, contas bancárias não declaradas
na Suíça, levaram Henrique a cair. Pior: ganhou o rótulo de “golpista” e
beneficiário de propinas.
Daí aliados de Carlos passaram a
questionar sobre o real peso de Henrique e do seu PMDB na campanha que começa
em poucos meses. O filho de Aluízio Alves mais ajuda ou atrapalha?
Claro que um partido com a estrutura e
o peso do PMDB em uma campanha sempre ajuda, além de aumentar o tempo de
propaganda eleitoral gratuita, mas isso compensaria os votos que Henrique
poderia tirar de Carlos com seu desgaste? E se no meio da campanha Henrique for
envolvido em noivo escândalo ou tornar-se réu nas investigações, isso poderia
afetar diretamente a campanha de Carlos, dando munição para seus opositores?
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