SEM LOTAÇÃO
- Foto: Wellington Rocha
Carol Souza
acw.souza@gmail.com
Maior hospital de trauma do Rio Grande do Norte, o Walfredo Gurgel (HWG) pode se considerar livre de um de seus maiores problemas em mais de 40 anos de funcionamento: corredores superlotados. No mês de agosto fará um ano que o hospital vem trabalhando com o fluxo de macas controlado na área do Politrauma, setor de circulação mais importante da unidade.
Em agosto do ano passado, um mutirão para procedimentos eletivos ortopédicos, organizado pela Secretaria Estadual da Saúde Pública (Sesap), aliado ao trabalho de ‘desospitalização’ responsável do Núcleo de Acesso e Qualidade Hospitalar (NAQH), conseguiu esvaziar o corredor do setor de trauma do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. A ação foi possível devido a verba direcionada para o Estado do RN pelo Governo Federal em função do decreto de calamidade pública.
Segundo Maria de Fátima Pereira, diretora geral do hospital, a verba possibilitou o pagamento dos contratos com os hospitais de Natal responsáveis por cirurgias de baixa e média complexidade.
“As cirurgias ortopédicas eletivas (que são cirurgias agendadas) não estavam sendo realizadas pelo Município de Natal, responsável por esse tipo de serviço segundo hierarquia estabelecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, os pacientes eram todos encaminhadas para o Walfredo, ocupando os corredores do hospital”, disse. “Com essa verba da calamidade pública, os hospitais foram pagos e nós conseguimos desafogar os corredores, dando celeridade aos atendimentos”, explicou.
Fátima Pereira ainda destacou que outra medida que impactou sobre a saída dos pacientes do corredor de Politrauma foi a abertura da ‘Sala de Observação’ para vítimas do trauma sem gravidade. Essa sala também foi construída com verba oriunda do decreto de calamidade.
Com nove boxes, banheiro próprio, ar condicionado e cortinas que proporcionam privacidade ao paciente, a sala pode atender até 21 pacientes sem perda na qualidade da assistência. “O corredor vivia cheio de macas e de pessoas transitando o tempo todo. Isso é uma situação irregular, principalmente no que diz respeito a recuperação do paciente. Mas agora estamos completamente livres desse problema”, lembra a diretora do HWG.
Atualmente todas as pessoas com algum traumatismo dão entrada no Hospital Walfredo Gurgel. Se o paciente for classificado em situação de alto risco, ele é encaminhado para o processo cirúrgico imediato. Já as cirurgias programadas são encaminhadas para os hospitais contratados pelo Município de Natal, à exemplo do Hospital Memorial, Hospital Médico Cirúrgico e Clinica Paulo Gurgel, e o Hospital Deoclécio Marques, pelo Governo do RN.
Clínica médica
Apesar do trabalho constante de “desospitalização”, pacientes ainda ocupam macas na área de circulação clínica do Hospital Walfredo Gurgel. Segundo a diretora Fátima Pereira, essa situação é mais complexa de ser controlada devido às falhas na assistência básica dos municípios do Rio Grande do Norte. “Essas falhas ainda impactam muito na qualidade do atendimento do hospital”, afirmou.
Segundo relatou a O Jornal de Hoje, Fátima explica que os municípios do interior continuam encaminhando ambulâncias para o Walfredo Gurgel por deficiência das estruturas hospitalares. “Às vezes é uma situação muito simples de ser resolvida. Mas por falta de estrutura, o médico acaba se desesperando e mandando o paciente para cá. Reconheço que nós precisamos de uma gestão clínica mais eficiente, mas também precisamos desafogar nossa demanda”, destacou.
“Infelizmente a gente tem muita dificuldade, por exemplo, de retornar os pacientes para os seus hospitais de origem. As ambulâncias dos municípios deixam os pacientes aqui numa rapidez, mas não voltam para buscá-los. Mesmo a gente ligando, tem alguns hospitais que têm a coragem de dizer que só mandam pegar quando tem outro paciente para encaminhar. Enquanto isso, esses que já estão com alta ficam ocupando leitos de pessoas que estão no corredor”, disse Fátima Pereira.
Inaugurado em 2001, o Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS), conta com três Unidades de Tratamento Intensivo (duas UTIs Geral e uma Pediátrica), Centro Cirúrgico, atendimento ao paciente politraumatizado, atendimento clínico de urgência, três salas de observação clínica, serviço social, urgência pediátrica, raio-x, ultrassonografia, endoscopia, tomografia computadorizada, entre outros serviços.
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