Polícia Militar vai garantir circulação da frota de ônibus

GREVE

Nadjara Martins, Pedro Andrade e Valdir Julião
repórteres

Após quase uma quinzena de transporte público reduzido e um dia inteiro de paralisação total da frota, a greve dos ônibus pode chegar ao fim na madrugada desta quinta-feira (26). Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro), a orientação é que a categoria acate as decisões do Tribunal do Trabalho da 21ª Região – a última foi expedida ontem – que pedem a retomada da circulação integral da frota. Nova rodada de assembleias com a categoria acontecem nas garagens, na manhã desta quinta-feira, 26, para apresentar as orientações.

Emanuel Amaral

Durante todo o dia de ontem, nenhum dos carros da frota que circula em Natal saiu das garagens

“Vamos apresentar a decisão judicial e dizer que é para cumprir. Se o trabalhador vai cumprir ou não, é diferente, porque eles ainda não estão satisfeitos”, afirmou o presidente do Sintro/RN, Nastagnam Batista. A nova posição do sindicato foi decidida após a entidade ter sido notificada pelo TRT ontem à tarde. O órgão informava que, a partir de hoje, o Sintro deveria tomar todas as medidas para que as garagens de ônibus fossem desobstruídas, que a frota voltasse a circular normalmente e que a categoria estava proibida de realizar atos, como piquetes que impeçam a saída dos ônibus.

A determinação respondeu a uma petição impetrada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Seturn), assinada pelo desembargador presidente, José Rêgo Júnior. Ela também autoriza o uso força policial para assegurar a saída dos ônibus das garagens. 

O Comando Geral da Polícia Militar do Rio Grande do  Norte foi notificado, ainda no meio da tarde de ontem, sobre a determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-21ª Região). Comandante da PM/RN, o coronel Francisco Araújo Silva, informou que iria autorizar, já para nesta manhã, o deslocamento de guarnições policiais motorizadas para garantir o acesso dos trabalhadores e saída dos ônibus das garagens das seis empresas de transporte coletivo.

Apesar da determinação do TRT, ontem à tarde, na porta do sindicato dos rodoviários, muitos trabalhadores ainda se mantinham irredutíveis. “A polícia não pode nos obrigar a trabalhar, não é crime se a gente não quiser trabalhar. Aumento de 0,33 centavos em um vale-alimentação não dá para nada. Se eles continuarem sem negociar com a gente, vai ter demissão em massa”, afirmou Paulo Herôncio, funcionário do sindicato e um dos diretores de base. Outros já se consideravam “abandonados” pelo sindicato. “A nossa luta era para conseguir o reajuste, e não pedir aumento de tarifa. O sindicato nos abandonou”, disse a cobradora de ônibus Marta Cavalcante.

No julgamento do dissídio coletivo da categoria, na última terça-feira, o TRT concedeu o reajuste salarial acima da inflação – 7,32%. Em compensação, julgou a greve abusiva, dando liberdade aos empresários para desconto dos dias parados, e determinou aumento de R$ 10 no vale-alimentação. Desde então, os trabalhadores estão inconformados.

Ontem à tarde, o Sintro solicitou uma audiência com o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Natal (Seturn) mediada pela Superintendência do Ministério do Trabalho e Emprego para negociar o abono das faltas. Nada feito. O Seturn apenas apresentou uma cópia da decisão do TRT, que determinava retorno imediato ao trabalho. “Não temos condição de negociar nada enquanto eles mantiverem esse movimento paredista”, sentenciou o advogado do Seturn, Augusto Maranhão Filho. Ontem, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) manteve fiscais nas garagens até as 15h30. Foi verificado que nenhum ônibus saiu durante todo o dia.