terça-feira, 24 de junho de 2014

Copa do Mundo em Natal chega ao fim com saldo de 17 mortos. Durante o Mundial de futebol, média diária de mortes intencionais apresentou uma queda na capital potiguar

VIOLÊNCIA
10Mort
Diego Hervani
diegohervani@gmail.com
O investimento feito na segurança para a Copa do Mundo parece ter “inibido” a ação de criminosos em Natal. De acordo com Conselho Estadual de Direitos Humanos do RN (CEDH/RN), o número de homicídios na capital potiguar apresentou uma queda durante os primeiros 12 dias de competição.
Do dia 12 de junho até a manhã desta terça-feira (24), 17 mortes intencionais foram registradas em Natal, uma média de 1,4 por dia. Antes do início da Copa, essa média era de 1,6. “Esses números podem ser um pouco diferentes, já que ainda não tivemos acesso aos dados oficiais do Estado. Foi uma pesquisa feita pelo CEDH, por mim e por Ivênio Hermes”, destacou Marcos Dionísio, presidente do CEDH/RN. De acordo com Dionísio, essa queda não se deu apenas pelo reforço da segurança. “Houve uma pequena redução na incidência de homicídios em Natal, principalmente nos três primeiros dias da Copa do Mundo. Porém, essa queda coincidiu com o período de chuvas. Todo período chuvoso essa queda é verificada. Além disso, teve a greve do transporte coletivo, que dificultou a mobilidade das pessoas”.
Das 17 mortes em Natal, 10 foram na Zona Oeste (3 em Felipe Camarão; 2 em D. Rosado, 1 no Planalto, 1 no B. Pastor, 1 nas Quintas, 1 nos Guarapes e 1 em Cidade da Esperança); 06 na Zona Norte (2 em Nossa Senhora da Apresentação; 2 em Pajuçara; 1 em Lagoa Azul e 1 em Igapó), além de um na Zona Sul, no bairro de Ponta Negra. “O que se percebe com esses números é que, mesmo com o reforço na segurança para o Mundial, os bairros periféricos seguiram com uma rotina de insegurança. Eles não foram beneficiados com todo esse efetivo. Proteger os turistas é essencial, mas é indispensável proteger a população dos bairros periféricos. Precisa existir uma abordagem maior para essas áreas”, argumentou Marcos Dionísio, que ainda completou. “Precisamos urgentemente da criação da Divisão de Homicídios, que foi uma promessa do Governo desde o início, mas que até agora não existe nada. Além disso, o Governo também precisa convocar os concursados para aumentar o efetivo nas ruas”.
Contanto desde o dia 1º de junho, os números no Rio Grande do Norte também apresentaram uma queda. Até agora foram 110 homicídios no Estado, uma média diária de 4,5, quando a média até o final de maio era de 4,9. Com os números da violência diminuindo, o titular da Secretaria Estadual de Segurança e Defesa Social (Sesed), o ex-general do Exército, Eliéser Girão, deu uma opinião exatamente contrária a de Marcos Dionísio. “Isso não vem acontecendo (diminuição da violência) apenas com o início da Copa do Mundo. Isso vem acontecendo desde o final de maio. Se olharmos as estatísticas vamos observar uma redução muito significativa do número de crimes. Fizemos um investimento muito grande na segurança. Os policiais estão nas ruas, fazendo ações preventivas e conseguindo prender os bandidos”, afirmou.
No ano de 2014, em todo o Rio Grande do Norte foram registrados 851 homicídios até a manhã desta terça. A indesejada liderança segue com Natal, com 278 ocorrências, seguido por Mossoró, com 99 e Parnamirim, com 75. Na Grande Natal, levando em consideração o índice para cada 100 mil habitantes, a primeira colocação fica com São José do Mipibu, com 61,40 (26 homicídios), seguido por Extremoz, com 59,98 (16 homicídios) e Macaíba, com 41,03 (31 homicídios). “Com a situação que estamos, infelizmente parece que iremos chegar ao final da Copa do Mundo com uma marca superior a 900 homicídios no Estado”, lamentou Marcos Dionísio.
Também sobre os números no Estado, Eliéser Girão disse que os investimentos feitos já estão trazendo resultados e que a tendência é de que a violência continue diminuindo. “Se olharmos para Mossoró, por exemplo, já tivemos vários dias em junho que ninguém morreu por lá. Em 2014 isso foi raro. Então não é apenas Copa do Mundo não. Ainda não estamos trabalhando nem com 10% dos equipamentos que adquirimos nos últimos meses. Compramos 200 viaturas e bem menos da metade chegou. Até o final da próxima semana esse equipamento irá chegar e vamos ter uma situação ainda melhor para se trabalhar”, destacou.

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