Marcelo Hollanda
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No entroncamento entre as BRs 406 e 101, que dá acesso ao aeroporto internacional Aluízio Alves, uma placa padrão Fifa, em três idiomas, e outra mais abaixo, exibindo a bandeira do município de São Gonçalo do Amarante, indicam orgulhosamente a direção para o novo terminal internacional de passageiros que sucederá o Augusto Severo, em Parnamirim.
Do entroncamento até o viaduto sobre a BR 406, que dá acesso ao aeroporto, são pouco mais de 6 km, recheados de propriedade particulares, algumas de empresas, que já deveriam estar desapropriadas para dar passagem às obras de duplicação da pista. Mas o que se viu neste sábado (10) é que, além da placa da Fifa, muito pouco indica que será possível inaugurar o acesso Norte até o dia 22 próximo, quando o aeroporto de São Gonçalo será entregue ao público.
Entregue ao público não quer dizer um terminal em condições de operação, pois isso só será definido no próximo dia 19 pela Agência Nacional de Aviação (ANAC), a quem caberá homologar seu funcionamento, com base nas condições reais de operacionalidade. Ou seja, todas as companhias devidamente instaladas, com pessoal e equipamento a todo o vapor.
Dos cerca dos seis km que separaram o entroncamento ao viaduto, só havia até a manhã de hoje, cinco quilômetros terraplenados e a outra metade com um fino revestimento de piche. Até aí nenhum problema, pois é possível asfaltar grandes trechos em tempo bastante reduzido graças à moderna tecnologia aplicada a construção de estradas.
O maior problema são as desapropriações que estariam totalmente paradas. Pelo menos é o que afirmou fontes ligadas a alguns desses imóveis. Uma delas, que coordenava a construção de um muro do sítio Guajiru, de 250 metros de cumprimento, que recuou sem qualquer orientação do Estado os limites da propriedade em 40 metros para dar passagem à duplicação, declarou o seguinte: “Só recebemos uma única visita de advogado sobre a desapropriação no dia 10 de maço e depois nunca mais”.
Voltada ao cultivo de plantas, a propriedade demoliu seu antigo muro e reconstruiu com o recuo de 40 metros, segundo comentou a fonte, porque este seria o maior recuo permitido pela legislação. “Pelo que sei os demais proprietários daqui até o entroncamento estão na mesma situação, sem saber absolutamente nada”, acrescentou.
Como se não bastasse, O Jornal de Hoje constatou que as obras para o viaduto sobre a BR 406, acesso à pista que leva ao aeroporto de São Gonçalo, estão com tudo por se fazer, apenas com as bases laterais erguidas e nada mais. Além, da movimentação de poucos operários e veículos concentrados no acesso entre o aeroporto e as obras do viaduto, não havia circulação de mais trabalhadores nem no elevado ou na parte da duplicação propriamente dita.
Uma situação muito diferente da verificado por ocasião da recente passagem do Ministro Moreira Franco, da Aviação, que durante inspeção das obras do aeroporto Aluízio Alves, no mês passado, chegou a declarar que estava mais tranquilo com a conclusão dos acessos ao terminal do que com a transferência das empresas aéreas para dentro do novo terminal. “Passei de helicóptero e vi que as obras do acesso Norte (não do Sul, ele frisou) estão indo muito bem”, declarou.
Essa informação foi motivo de comemoração pelo governo do Estado e não deixou de ser um desagravo para o secretário especial da Copa, Demétrio Torres, que defendeu que o acesso Norte estaria concluído dentro do prazo.
Na manhã deste sábado, por telefone, confrontado com as informações encontradas pela reportagem d`O Jornal de Hoje, Torres declarou apenas o seguinte: “No próximo dia 22, quando o aeroporto for inaugurado oficialmente, o acesso estará pronto”, garantiu. E não disse mais uma palavra para explicar como esse verdadeiro milagre da engenharia seria possível no exíguo prazo de duas semanas.
Nesta última sexta-feira (9), segundo apurou o JH depois de ouvir da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), ainda havia sérias dúvidas sobre a transferência das companhias ao novo aeroporto até o dia 19, quando a Anac regulamentará ou não o funcionamento do Aluízio Alves durante a Copa, que começa em 32 dias.
A esperança do Estado é que, com a incapacidade das empresas de se instalarem no prazo, a responsabilidade pela não operação do terminal de São Gonçalo para a Copa fosse debitada na conta do consórcio Inframérica, responsável por sua construção e administração. Até prova em contrário, a versão a ser sustentada – e que confirma a propaganda oficial do governo estadual – é que os acessos ao novo aeroporto serão entregues nas próximas duas semanas. Difícil é saber como esse pequeno milagre será concretizado.
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