segunda-feira, 7 de abril de 2014

Servidores fazem ato público no Walfredo Gurgel contra sobrecarga de trabalho‏

O Sindsaúde reivindica a convocação de todos os concursados e um novo concurso público. Foto: Divulgação
O Sindsaúde reivindica a convocação de todos os concursados e um novo concurso público. Foto: Divulgação
Nesta segunda-feira (7), a partir das 09h30, servidores da saúde em greve realizam um ato público em frente ao hospital Walfredo Gurgel, contra a falta de pessoal e a sobrecarga de trabalho. O déficit total de servidores da saúde, segundo documento da Sesap divulgado em março, chega a 2.950, sem os médicos. Mas a quantidade necessária é ainda maior, aplicando o Índice de Segurança Técnico, de 20%, necessário para substuições em caso de faltas e licenças. Com isso, o total chegaria a 3.218 servidores nos hospitais e unidades do estado (veja tabela abaixo).
O maior déficit está entre os técnicos de enfermagem. Os hospitais e unidades de saúde estaduais necessitam de 1.229 técnicos de enfermagem. O Hospital Walfredo Gurgel foi escolhido para o ato de hoje, por concentrar o maior déficit entre os hospitais da rede: 246 técnicos de enfermagem e 72 enfermeiros (já com o índice de segurança). Em seguida, vêm os hospitais Tarcísio Maia, em Mossoró, sem 147 técnicos de enfermagem; o Giselda Trigueiro (143) e o Deoclécio Marques (130). Em relação ao déficit de enfermeiros, o maior índice está no Hospital Santa Catarina, que, mesmo tendo fechado a pediatria, necessita de 73 enfermeiros.
O resultado do déficit de pessoal é a sobrecarga de trabalho dos servidores, com um alto número de pacientes por servidores. Há duas semanas, o Sindsaúde percorreu os principais hospitais, visitando todos os setores e verificando a relação paciente/servidor. “Encontramos situações absurdas. Aqui mesmo no Walfredo, em um plantão, havia dois técnicos de enfermagem para 50 pacientes. A enfermeira chamou o plantão de `tarde da vergonha`”, conta Manoel Egídio Jr, vice-coordenador-geral do Sindsaúde-RN.
Com excesso de trabalho, a categoria vem adoecendo. Há um aumento de casos de estresse e depressão e de afastamentos por doenças psicossomáticas. Também é alarmante a incidência de doenças ortomusculares (dores no corpo), que há dois anos vem sendo o principal motivo de atestados no Walfredo Gurgel, segundo relatório do Núcleo de Assistência à Saúde do Trabalhador (NAST).
Para o Sindsaúde, outro fator que contribui para a sobrecarga de trabalho é a portaria 321/2013, da Sesap, que limita a quantidade de trocas de plantões entre os servidores e permite a dobra de até 24h. “Como o salário é baixo, todos os servidores são obrigados a ter duas jornadas, acumulando o vínculo no Estado com outro, nos munícipios ou na rede privada. Ao impedir as trocas de plantão entre os servidores, a portaria acabou provocando o aumento das faltas. Quem fica nos hospitais trabalha em dobro e alguns até dobram e ficam 24h. Aí esses ficam doentes e faltam ao próximo plantão. É um ciclo desumano” conta Egídio.
O Sindsaúde reivindica a convocação de todos os concursados, novo concurso público e a revisão da portaria 321, a partir do parecer do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RN), que considerou a portaria ilegal. “Precisamos de mais investimentos na saúde. O Estado aplica o que diz a lei, mas isso é insuficiente e ainda uma grande parte vai para as cooperativas médicas e a terceirização. É por isso que não sobra para garantir a valorização dos servidores”, afirma Simone Dutra, do Sindsaúde-RN.
Na tarde de hoje, haverá audiência na Sesap, para tratar da sobrecarga de trabalho e reivinidicações da greve do estado.

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