Nesta segunda-feira (7), a partir das 09h30, servidores da saúde em
greve realizam um ato público em frente ao hospital Walfredo Gurgel,
contra a falta de pessoal e a sobrecarga de trabalho. O déficit total de
servidores da saúde, segundo documento da Sesap divulgado em março,
chega a 2.950, sem os médicos. Mas a quantidade necessária é ainda
maior, aplicando o Índice de Segurança Técnico, de 20%, necessário para
substuições em caso de faltas e licenças. Com isso, o total chegaria a
3.218 servidores nos hospitais e unidades do estado (veja tabela
abaixo).
O maior déficit está entre os técnicos de enfermagem. Os hospitais e
unidades de saúde estaduais necessitam de 1.229 técnicos de enfermagem. O
Hospital Walfredo Gurgel foi escolhido para o ato de hoje, por
concentrar o maior déficit entre os hospitais da rede: 246 técnicos de
enfermagem e 72 enfermeiros (já com o índice de segurança). Em seguida,
vêm os hospitais Tarcísio Maia, em Mossoró, sem 147 técnicos de
enfermagem; o Giselda Trigueiro (143) e o Deoclécio Marques (130). Em
relação ao déficit de enfermeiros, o maior índice está no Hospital Santa
Catarina, que, mesmo tendo fechado a pediatria, necessita de 73
enfermeiros.
O resultado do déficit de pessoal é a sobrecarga de trabalho dos
servidores, com um alto número de pacientes por servidores. Há duas
semanas, o Sindsaúde percorreu os principais hospitais, visitando todos
os setores e verificando a relação paciente/servidor. “Encontramos
situações absurdas. Aqui mesmo no Walfredo, em um plantão, havia dois
técnicos de enfermagem para 50 pacientes. A enfermeira chamou o plantão
de `tarde da vergonha`”, conta Manoel Egídio Jr, vice-coordenador-geral do Sindsaúde-RN.
Com excesso de trabalho, a categoria vem adoecendo. Há um aumento de
casos de estresse e depressão e de afastamentos por doenças
psicossomáticas. Também é alarmante a incidência de doenças
ortomusculares (dores no corpo), que há dois anos vem sendo o principal
motivo de atestados no Walfredo Gurgel, segundo relatório do Núcleo de
Assistência à Saúde do Trabalhador (NAST).
Para o Sindsaúde, outro fator que contribui para a sobrecarga de
trabalho é a portaria 321/2013, da Sesap, que limita a quantidade de
trocas de plantões entre os servidores e permite a dobra de até 24h. “Como
o salário é baixo, todos os servidores são obrigados a ter duas
jornadas, acumulando o vínculo no Estado com outro, nos munícipios ou na
rede privada. Ao impedir as trocas de plantão entre os servidores, a
portaria acabou provocando o aumento das faltas. Quem fica nos hospitais
trabalha em dobro e alguns até dobram e ficam 24h. Aí esses ficam
doentes e faltam ao próximo plantão. É um ciclo desumano” conta Egídio.
O Sindsaúde reivindica a convocação de todos os concursados, novo
concurso público e a revisão da portaria 321, a partir do parecer do
Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RN), que considerou a portaria
ilegal. “Precisamos de mais investimentos na saúde. O Estado aplica o
que diz a lei, mas isso é insuficiente e ainda uma grande parte vai
para as cooperativas médicas e a terceirização. É por isso que não sobra
para garantir a valorização dos servidores”, afirma Simone Dutra, do Sindsaúde-RN.
Na tarde de hoje, haverá audiência na Sesap, para tratar da sobrecarga de trabalho e reivinidicações da greve do estado.
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