A Fórmula 1 espera por grandes mudanças na temporada 2014 - e quem diz isso são as próprias equipes. O motivo: a mudança no regulamento de motores. Anunciada ainda em outubro de 2011, a nova regra tem obrigado os engenheiros a trabalhar, e pode criar resultados imprevisíveis nas primeiras corridas do calendário.
Para continuar cortando custos, a categoria determinou que os motores V8 de 2,4 litros, usados até o final de 2013, sejam substituídos por motores V6 de 1,6 litros dotados de turbo. Com motores menores, os carros passarão a adotar o Sistema de Recuperação de Energia (ERS, versão atualizada do Kers), capturando força das frenagens. O ERS, porém, terá o dobro de potência da versão anterior, fornecendo mais energia aos carros.
Em resumo, os carros de 2014 serão “mais elétricos”, movendo-se com combustível fóssil e um sistema complementar de energia. Para deixar claro o caráter “híbrido” dos carros, os tanques de combustível terão as capacidades reduzidas, de 140 kg para 100 kg.
E é com isso que as equipes têm que se virar nos últimos dois anos - sem exagero, é o tempo que alguns engenheiros têm trabalhado nos projetos para 2014. Para Guy Lovett, gerente de tecnologia da Shell para a Ferrari, o desafio das equipes será equilibrar essa conta: ter carros econômicos, potentes, duráveis e competitivos. Tudo ao mesmo tempo
“Não se trata apenas do combustível, mas de toda a energia do carro. Os pilotos terão que adaptar seus estilos a isso”, afirmou Lovett, sem saber precisar se o resultado da conta será o ideal. “Uma das experiências que as pessoas mais gostam na F1 é ouvir o barulho dos motores. E sim, o som vai mudar”, previu.
Segundo Lovett, a Ferrari e a Shell têm trabalhado no carro de 2014 há um ano e meio. Parece muito? Na Lotus, o trabalho começou antes, há dois anos. Na equipe de Enstone (Inglaterra), cerca de 5,5 mil funcionários trabalham para tirar o carro do papel desde 2012, utilizando dados de telemetria colhidos desde então. O desafio no time agora é colocar na pista um carro construído desde o início em conjunto com o motor.
”No próximo ano, vamos trocar os motores. Com o turbo, teremos uma tecnologia diferente. Iremos utilizar tecnologia inutilizada (ERS). Será uma tecnologia nova. Iremos criar o carro já com o motor. Será algo novo”, explicou Fleur Foster, gerente de parcerias da Lotus. “Sei que os dados serão usados, mas não sei o quanto. Afinal, começamos o carro do papel”, completou.
Nem todo mundo resistiu a essas exigências. A Cosworth, que equipava os carros da Marussia, deixará a categoria mais uma vez ao fim de 2013 - os carros da equipe russa serão equipados pela Ferrari. Paralelo a isso, a Honda trabalha para voltar dentro das exigências em 2015.
A Toro Rosso terá motores Renault (assim como a Red Bull) em 2014, enquanto a Williams será empurrada por motores Mercedes. Diante da exigência de planejamento e da restrição de testes, as trocas de fornecedoras de motores são um risco a mais para as equipes que buscam evolução.
“Há uma limitação no número de testes, então isso compromete o trabalho das equipes. Mas a limitação é a mesma para todas”, despista Guy Lovett, que vê um “processo de desenvolvimento contínuo” nos motores a partir do início da temporada. A opinião é semelhante à de Lewis Hamilton, piloto da Mercedes.
“Os caras têm trabalhado duro. Desde que cheguei à F1, este tem sido o período mais difícil para as equipes. Estamos dando 110% de cada um de nós para termos o melhor”, apontou o britânico, que aposta em um bom começo de temporada da Mercedes para poder desafiar o domínio da Red Bull nas novas regras.
Terra
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