Michelle Bachelet, líder da coalizão Nova Maioria, foi eleita neste domingo, 15, a nova presidente do Chile em um segundo turno marcado pelo baixo comparecimento da população. A socialista, que já governou o país de 2006 a 2010, derrotou a conservadora Evelyn Matthei por uma diferença expressiva de votos – com 96,32% das urnas apuradas, Bachelet tinha 62,2%, contra 37,8% de Matthei.
A conservadora reconheceu a derrota no início da noite. “Meu desejo mais honesto e profundo é que tudo vá bem para ela. Ninguém que ame o Chile pode desejar o contrário”, afirmou.
A nova presidente participou neste domingo de uma comemoração em frente ao hotel onde estava seu comando de campanha na capital, Santiago. Diante do local, um palco foi montado e militantes começaram a chegar assim que os primeiros resultados foram divulgados.
A votação que confirmou a vantagem dada por pesquisas a Bachelet, no entanto, teve um comparecimento muito baixo. As filas que os chilenos enfrentaram para votar em 17 novembro não se repetiram no returno da disputa presidencial.
Foram as primeiras eleições presidenciais no Chile sem voto obrigatório. No primeiro turno, pouco menos da metade dos votantes registrados foram às urnas: 6,7 milhões, em um universo de 13,5 milhões. Os números do segundo turno ainda não foram divulgados oficialmente.
Desencanto. Nos centros de votação visitados neste domingo pelo Estado, em Santiago, o movimento era baixo. No Estádio Nacional do Chile, onde longas filas se formaram em novembro para o primeiro turno, não havia espera para votar. As urnas, de vidro emoldurado, tinham poucos votos às 13 horas – e uma mesária dormia sobre os registros de votação.
“Tem muito menos gente. No primeiro turno, esperei meia hora na fila, hoje não esperei nenhum minuto. O desencanto é muito grande com a classe política”, afirmou o administrador de hotéis Cristián Verdugo, de 50 anos. “Como agora o voto é voluntário, as pessoas deixaram de lado o comprometimento cívico, pois não existe mais essa obrigatoriedade”, disse a dona de casa Natacha Moran, de 63 anos.
A mesma impressão tinham os eleitores que votavam em centros eleitorais que concentravam menos mesas. “Da outra vez, esperei uma hora. Hoje não demorei nem três minutos. O voto deveria voltar a ser obrigatório”, afirmou o motorista de ônibus Angel Arias, de 55 anos, no complexo educacional municipal de La Reina. “Vim porque tenho voz e voto”, disse o analista de sistemas Rodrigo Moreno, de 37 anos, no Colégio Lenka Franulic, na comuna de Ñuñoa.
Analistas políticos chilenos ressaltam que uma baixa participação prejudicará Bachelet na implementação de suas principais promessas de campanha. Com a maioria que possui no Parlamento, de 55% nas duas Casas, sua coalizão tem votos suficientes para aprovar suas principais medidas – como a criação de um sistema educacional gratuito e de qualidade e uma reforma tributária que bancaria as mudanças na educação.
Para conseguir aprovar a reforma constitucional que pretende fazer, porém, a socialista precisará cooptar parlamentares da oposição, em busca da maioria qualificada necessária – para tanto, um grande número de votos do eleitorado chileno daria a ela o cacife político necessário para convencer os conservadores a apoiá-la.
Estadão
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