Vereadora Amanda é denunciada ao Conselho de Ética e pode perder mandato

Denúncia é consequência do vídeo postado por Amanda Gurgel, onde ela acusa vereadores que fizeram a emenda de ser da "bancada do Seturn"

Por Ciro Marques

Vereadora mais votada em 2012, recorde de votos (33 mil) e responsável, consequentemente, pelas eleições de Sandro Pimentel (PSOL) e Marcos Antônio (PSOL), Amanda Gurgel (PSTU) tem causado polêmica na Câmara Municipal de Natal. Tanto que alguns colegas de plenário (não é de hoje) mostram insatisfação pelos “exageros” falados pela vereadora. E foi por causa de um desses “exageros” que, agora, Amanda Gurgel terá que responder a uma denúncia feita ao Conselho de Ética da Casa, correndo o risco até de perder o mandato.

Amanda Gurgel também foi dura nas respostas e disse que não se sentia intimidada pelo Conselho de Ética

A denúncia é consequência do vídeo postado pelo Amanda Gurgel na noite de ontem (29), no youtube.com, depois da suspensão da votação que criaria a bilhetagem única em Natal. A vereadora afirmou e reafirmou, disse e repetiu, que a “bancada do Seturn” havia aparecido na Casa e seria responsável pela emenda apresentada, que causou a suspensão da sessão, sem a aprovação da bilhetagem. Todos os vereadores que assinaram a emenda seriam dessa tal bancada.

Esses vereadores, claro, não ficaram nada satisfeitos. Aroldo Alves, por exemplo, foi o primeiro a falar. Acusou Amanda Gurgel de acusar sem provas e que buscava, apenas, votos. “Eu tenho direito de dizer que é bancada do Seturn porque é uma análise minha e eu tenho direito de dizer quantas vezes eu quiser. É bancada do Seturn sim”, respondeu Amanda.

“Digo, principalmente, aqueles que fazem parte da Operação Impacto, condenados, que não vão me silenciar. Pode processar, porque eu estou ansiosa”, acrescentou a vereadora – na Câmara, tanto os vereadores Adão Eridan (PR), quanto Júlio Protásio (PSB) foram condenados na Operação Impacto (esquema de compra de votos de parlamentares) e os dois assinaram a polêmica emenda.

E Adão Eridan também falou. “Bandido pode ser a senhora, que vivia dando apoio aos bandidos ali na frente da Câmara”, afirmou o parlamentar, se referindo ao apoio que a vereadora deu aos manifestantes do passe livre, que ocuparam por 10 dias a entrada principal da Câmara. “(Amanda) se elegeu com mais de 33 mil votos mentindo, dizendo que era professora sem nunca ter dado aula. Pastorando uma escola lá na zona Norte. E nem pastorava, apresentando atestado e ficando em casa”, acrescentou.

Adão Eridan também lançou que a vereadora precisa “pensar” mais antes de falar. “Nós vamos entrar com a representação. E se não resolver com a Comissão de Ética, nós vamos procurar outros meios”, ressaltou. Amanda respondeu a ele dizendo que também iria acusa-lo ao Conselho de Ética, porque ele não tinha provas para dizer que ela havia levado “maconha, lagosta e bebida para os manifestantes da Câmara”. “O maior baderneiro que existe aqui dentro é ele. Condenado na Operação Impacto e envolvido em muita imundice”, acrescentou Amanda. Adão Eridan corrigiu-a, dizendo que não tinha dito isso (sobre o fornecimento de drogas). Disse que ela deu, apenas, o apoio e eles tinham consumido isso.

Eudiane e Bertone

Presidente do Conselho de Ética, Bertone Marinho também foi atingido pelas declarações de Amanda Gurgel

Contudo, Adão e Aroldo não foram os únicos a reclamar de Amanda na sessão de hoje (30). Visivelmente nervosa, a geralmente tranquila Eudiane Macedo (SDD) disparou: “Vou intimar a vereadora Amanda Gurgel que prove, porque quando a gente fala, a gente tem que ter prova. Prove que eu sou da bancada da Seturn. Nunca me meti em picaretagem como a senhora colocou no vídeo”. Eudiane foi mais uma que assinou a emenda. “Você mentiu. É mentirosa. Crie vergonha na sua cara e quando for publicar o vídeo, crie com responsabilidade”, acrescentou.

O curioso aí foi que o presidente do Conselho de Ética da Câmara, o vereador Bertone Marinho (PMDB) também falou e reclamou de Amanda Gurgel. Cuidadoso com as palavras, para não antecipar qualquer decisão, o parlamentar ressaltou que a divulgação do vídeo foi “irresponsável” e que não se pode “incutir mentiras sem provas, irresponsavelmente, porque não tem provas”.

“Uma acusação dessa não conduz com o fato. Eu tenho q defender a minha honra. Não é fácil você abrir um vídeo no youtube e ver uma pessoa acusando e repetindo veementemente”, afirmou Bertone Marinho, que também assinou a emenda polêmica.

Defesa

Em meio a tantas acusações, Amanda Gurgel, pelo menos, teve o apoio do colega Sandro Pimentel. “Trocaria todos os corruptos, de todas as operações, por apenas mais uma Amanda Gurgel”, afirmou ele, acrescentando que “a bancada do Seturn operou fortemente aqui. Não só aqui, mas na Prefeitura também. E o prefeito Carlos Eduardo pode até me processar. Eu já respondo alguns, uma a mais, um a menos…”, acrescentou. O vereador também acusou o prefeito de ser “cínico, descarado, traidor. Traiu o movimento quando disse que ia mandar o projeto para cá”.

Emenda

Por que essa emenda causou tanta polêmica? Porque a emenda proposta por Aroldo e assinada por 12 vereadores vai permitir ao Sindicato das Empresas de Ônibus (Seturn) e ao Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Alternativo (Sitoparn), beneficiado com a bilhetagem única, vender as passagens. Como são “menores” que o Seturn e não tem estrutura para isso, o Sitoparn afirma que será prejudicado.

Fonte: http://portalnoar.com