segunda-feira, 14 de outubro de 2013

E agora Carlos Eduardo? Relatório do Bombeiros aponta falta de condições de utilização do DUCAL

Está na edição do JH o relatório completo feito pelo Corpo de Bombeiros no Hotel Ducal, bastante complicado a situação do prédio que o Prefeito Carlos Eduardo quer instalar as secretárias de Saúde e Educação do Município. Segue
Um relatório técnico do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, elaborado pelo Serviço Técnico de Engenharia, aponta para a falta de condições de utilização do edifício Ducal por falta de área de refúgio e por utilizar sistema de escada de degraus em leque, em desuso desde a década de 70, fatores considerados de alto risco pela corporação em caso de incêndio. O prédio deverá ser a próxima sede das secretarias municipais de Saúde e Educação, conforme anunciado pelo prefeito Carlos Eduardo Alves.
Realizado pela Seção de Vistoria e Investigação de Sinistro da Diretoria de Engenharia e Operações do órgão militar, o “Relatório de Vistoria Técnica” número 30.886 foi expedido no último dia 9 de outubro de 2013 e é assinado pelo chefe do Serviço Técnico de Engenharia do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Luiz Monteiro da Silva Junior.
O documento aponta 24 irregularidades técnicas nas instalações do Ducal, como a falta de uma escada com lances retilíneos – e não com degraus em leque, como a existente – e a ausência de área de refúgio. Ambas as falhas são consideradas graves e ampliam o fator de risco para os usuários do edifício em caso de incêndio, já que dificulta a evacuação do local.
Escada com lances com degraus em leque são proibidas pela legislação desde 1974, e o Ducal não se modernizou quanto a essa exigência, segundo o relatório do Corpo de Bombeiros, o que obrigará à construção de uma escada externa abrangendo todos os pavimentos, segundo a opinião de engenheiros consultados pela reportagem.
REFÚGIO
A inexistência de área de resgate ou refúgio, que fica no último andar, é apontada como outra grave falha atual do edifício. O espaço que deveria servir para este fim no Ducal, segundo o Corpo de Bombeiros, está ocupado atualmente por uma subestação elétrica. Segundo um engenheiro consultado pelo jornal, que falo sob a condição de anonimato, a ausência de área de resgate ou refúgio do Ducal é um fato “gravíssimo”.
“A falta da área de resgate é um fato gravíssimo porque todo prédio acima de 15 metros de altura deve possuir área de resgate. Havendo incêndio, por exemplo, no décimo andar do Ducal, quem está acima desse pavimento não poderá usar o elevador. Quem está abaixo desce, mas quem está acima terá que subir para esse local chamado de área de resgate, que é aonde os Bombeiros vêm com helicóptero, socorrem as pessoas amarrando uma corda e descendo de rapel”, explicou o engenheiro, que conhece o prédio do Ducal e que teve acesso ao relatório de vistoria do Corpo de Bombeiros.
“O Ducal não tem área de resgate. Onde era para funcionar a área de resgate, construíram uma subestação. Ou seja, é gravíssimo. Porque se houver um incêndio, quando subirem para a área de resgate, vão se deparar com a casa de subestação”, explicou. A reportagem de O Jornal de Hoje esteve no antigo hotel Ducal, procurou os responsáveis, mas ninguém se prontificou a responder pelo empreendimento.
VEJA A LISTA DE 24 IRREGULARIDADES ENCONTRADAS NO DUCAL PELO CORPO DE BOMBEIROS
1 – INEXISTÊNCIA DE ÁREA DE REFÚGIO
2 – AUSÊNCIA DE BOMBA DE INCÊNDIO
3 – FALTA DE VEDAÇÃO A PASSAGEM DE CALOR, FUMAÇA E GASES
4 – ELEVADORES COM INEFICIENTE SINALIZAÇÃO DE ORIENTAÇÃO E ADVERTÊNCIA
5 – ESCADAS SEM SINALIZAÇÃO DE ACESSO E PAVIMENTOS
6 – DEGRAUS EM LEQUE (EM DESUSO DESDE 20174) EM LUGAR DE LANCES RETILÍNEOS
7 – ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA EM CASO DE INTERRUPÇÃO DE ENERGIA INEXISTENTE
8 – UTILIZAÇÃO DE ESCADA COMO DEPÓSITO DE EQUIPAMENTOS
9 – AUSÊNCIA DE PORTAS TIPO “CORTA-FOGO”
10 – FALTA DE CORRIMÃOS CONTÍNUOS
11 – PORTAS DE SAÍDA DO TÉRREO INFLUINDO NO TRÁFEGO DA ESCADA
12 – INEXISTÊNCIA DE MANGUEIRAS, ESGUINCHO E CHAVES
13 – AUSÊNCIA DE SINALIZAÇÃO DE HIDRANTES
14 – FALTA DE JUNTA DE HIDRANTE DA FACHADA
15 – INEXISTÊNCIA DO PLANO DE MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE HIDRANTES
16 – AUSÊNCIA DE LAUDO DE ACEITAÇÃO DO SISTEMA DE HIDRANTES
17 – FALTA DE HIDRANTE PÚBLICO
18 – ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA DEFICITÁRIA
19 – FALTA DE SINALIZÇÃO DOS QUADROS DE ENERGIA
20 – LAUDO TÉCNICO DE INSPEÇÃO DOS SUBSISTEMAS INEXISTENTE
21 – PERDA DE ELASTICIDADE NAS PORTAS CORTA-FOGO
22 – INEXISTÊNCIA DE PROJETO DE PREVENÇÃO E COMBATE CONTRA INCÊNDIO
23 – AUSÊNCIA DE ILUMINAÇÃO FOTOLUMINESCENTE DE ORIENTAÇÃO DE SALVAMENTO
24 – INEXISTÊNCIA DE INDICAÇÃO DAS ROTAS DE FUGA EM CASO DE PÂNICO E SINISTRO
No tocante à falta de segurança contra incêndios, o edifício Ducal está bastante comprometido, segundo aponta o Corpo de Bombeiros. O relatório do Serviço Técnico de Engenharia do órgão de defesa civil militar indica uma série de falhas que comprometem a segurança dos usuários do prédio. Até mesmo bomba de incêndio falta ao imóvel, cuja construção data da década de 70.
O relatório aponta no Ducal a falta de vedações que impeçam a passagem de calor, fumaça e gases em todos os dutos e aberturas de piso e teto. Pelo que aponta o Corpo de Bombeiros, qualquer incidente envolvendo calor, fumaça e gases nas salas do Ducal poderá facilmente chegar a outros setores, ampliando o fator de risco. O documento diz ainda que é preciso sanar essa especificação, para que o edifício se condicione às normas de segurança.
A vistoria também questiona a falta de sinalizações e de iluminação de emergência no edifício Ducal. Segundo o teor da perícia realizada, as sinalizações e iluminação de emergência do Ducal carecem de fonte autônoma de energia, necessitando de total reestruturação do sistema. Há ainda falhas como a ausência de portas corta-fogo, “pois as que existem perderam a elasticidade”, afirma a vistoria.
O relatório do Corpo de Bombeiros sugere correções que devem ser feitas para que o prédio garanta a segurança aos usuários, como a implantação de corrimãos contínuos na escada. Atualmente, há descontinuidade nos corrimãos, o que, segundo os agentes que realizaram a vistoria, agrava o fator de risco dos usuários do prédio.
Também foram identificadas falhas na sinalização dos extintores. No caso do Ducal, essa sinalização é ausente, o que também amplia o risco de incidentes em caso de incêndio. A vistoria apontou ainda a falta de hidrante com mangueira predial e pública, algo que é considerado básico.

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