Depois de sete de trabalho na Câmara Municipal e a reclamação de vários vereadores da falta de contato com o Executivo, o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, do PDT, decidiu visitar a Casa Legislativa. Claro que o motivo não foi meramente a cortesia entre os poderes, mas sim tentar a aprovação de um empréstimo que a Prefeitura quer fazer para viabilizar as obras de Mobilidade Urbana da Copa do Mundo – ou melhor, o pagamento da contrapartida delas.
“Natal hoje vive esse drama financeiro e administrativo. E quero dizer aos senhores que nos não vamos ter provavelmente tão cedo uma oportunidade como essa. Para tras, Natal nunca teve. E nós não podemos perder essa oportunidade porque todos esses projetos somam cerca de R$ 600 milhões em investimentos e se não tivemos essa contrapartida, não vai ter obra e o único legado que essa cidade vai ter é o Arena das Dunas”, afirmou o prefeito Carlos Eduardo.
É importante lembrar que essa visita do prefeito não foi por acaso. Na sessão de ontem (4), durante apresentação do projeto, que seria “de suma importância para o município”, alguns vereadores afirmaram que Carlos Eduardo, mesmo diante de toda a relevância da ação, sequer procurou os vereadores para tratar dele. Conversar, dialogar.
Além disso, lembra-se que desde que a Câmara voltou do recesso, o prefeito de Natal está sem líder na Casa. Júlio Protásio (PSB) renunciou ao cargo que ficou, desde então, oficiosamente vago. Júlio alegou incompatibilidade de ideias para se manter na liderança.
De qualquer forma, ressalta-se também que a visita acabou sendo uma oportunidade para cobrar do prefeito, que acabou tendo que ouvir o apelo dos parlamentares com relação a outras medidas. Ouviu, por exemplo, de Luiz Almir (PV) que a zona Norte de Natal está abandonada; ouviu cobranças de Sandro Pimentel (PSOL) sobre o pagamento de alugueis; ouviu de Amanda Gurgel (PSTU) o esquecimento do projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT); e de Marcos Antônio (PSOL) que as obras da Copa do Mundo eram meramente para “embelezamento” da cidade. Sobre esta questão levantada por Marcos do PSOL, o prefeito, educadamente, afirmou que as obras não eram apenas para “cartão postal”.
“São quilômetros e quilômetros de calçadas padronizadas, por exemplo. O senhor acha que isso é cartão postal? É acessibilidade, é inclusão”, respondeu o prefeito. É bem verdade, no entanto, que Carlos Eduardo ressaltou que, além de meramente funcionais, ele tem trabalhado para que a cidade fique “bonita” com as obras. “As obras tem a ver também com a estética da cidade, para que a cidade fique bem bonita. Não tem que ser feia não. Por que a cidade tem que ser feia?”, acrescentou o prefeito, dizendo também que gosta de “nós queremos coisas grandes, nós queremos coisas bonitas”.
Com relação a de Amanda Gurgel, disse que o projeto do VLT tinha sido transferido para a responsabilidade do Governo do Estado. Finalmente, para Luiz Almir, respondeu que há obras sim previstas para a zona Norte, que tratam, por exemplo, da urbanização de bairros e a conclusão saneamento básico. “É por isso que vou contar com o seu voto. Não é o prefeito Carlos Eduardo, não é a Prefeitura de Natal. Quem pede aqui nessa Tribuna é a cidade de Natal”, disse.
Carlos Eduardo encerrou a sua explanação agradecendo a recepção dos parlamentares e reforçando a importância da aprovação do empréstimo e determinou que os auxiliares municipais, das secretarias envolvidas nas obras atendam todas as solicitações feitas pelos vereadores: “Deixo a Câmara Municipal com a certeza de que os membros desta casa irão votar a favor do desenvolvimento da cidade, aprovando esse empréstimo”, finalizou.
O presidente da Câmara Municipal, Alberto Dickson, disse que a visita do prefeito mostra a disposição do poder executivo municipal de manter aberto o diálogo com os vereadores da cidade, situação que só traz benefícios nesse processo de recuperação, pelo qual Natal está passando. O prefeito solicitou regime de urgência para o projeto que será apreciado pelos parlamentares em 40 dias para posteriormente ir à votação em plenário.
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