Alex Viana
Repórter de Política
A presidente do PSB, vice-prefeita de Natal Wilma de Faria, declarou
que a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), “é
mentirosa”, e superfaturou a obra da barragem de Oiticica em cerca de R$
30 milhões. As palavras de Wilma foram proferidas em entrevista aO
Jornal de Hoje, ao abordar as declarações recentes de Rosalba, que
afirmou ter herdado o projeto de Oiticica superfaturado do governo Wilma
de Faria.
“Ela é mentirosa. Mentira dela sobre a barragem de Oiticica. Cancelei
uma licitação que vinha do passado (governos anteriores). Fiz uma
licitação que foi a que prevaleceu, inclusive com a mesma empresa, e ela
(Rosalba) aumentou R$ 30 milhões na licitação que nós fizemos”, afirmou
Wilma.
“Rosalba fica mentindo, e ninguém questiona. Só porque é governadora,
ficam paparicando. Tem que investigar. O ex-governador Iberê Ferreira
de Souza (PSB) está vivo para contar a história. Os assessores do
governo da época dele na área de recursos hídricos também. É só ver a
licitação feita na nossa administração. Se houver superfaturamento, foi
Rosalba que fez”, contratacou Wilma.
Na semana passada, durante evento municipalista na Assembleia
Legislativa, Rosalba afirmou que o Tribunal de Contas do União (TCU)
identificou superfaturamento da ordem de R$ 30 milhões na obra de
Oicitica, uma barragem que servirá como “pulmão” para o sistema de
recursos hídricos do Estado, localizada no município de Jucurutu, no
Seridó potiguar.
A declaração de Rosalba se deu num contexto de polêmica com o
deputado estadual Nélter Queiroz (PMDB), que afirmou, no mesmo evento,
que Rosalba ursurpava obras feitas com recursos federais, afirmando que
eram feitas pelo governo do Estado, e não pelo governo Dilma Rousseff
(PT).
Rosalba disse que o projeto superfaturado foi elaborado no governo
Wilma de Faria. “No governo passado, o governo federal fez o convênio,
só que na hora de iniciar a obra, o TCU detectou superfaturamento da
ordem de R$ 30 milhões. Quando eu assumi, fui desatar esse nó grande.
Fui ao TCU muitas vezes para que pudéssemos ter o projeto aprovado, com
uma readequação, que corrigia essa distorsão”, disse Rosalba.
Ao defender-se, Wilma declarou que “Rosalba não merece resposta. O
que ela precisa é dar resposta ao povo do RN em função do governo que
está hoje um caos. E nós temos que encontrar a saída para o estado. E
essa união da classe política (aliança dela com o PMDB, o PR e outros
partidos) precisa existir para termos um RN melhor de se viver e onde os
serviços essenciais funcionem”.
PARADO
Ainda como resposta, Wilma desabafou: “Estou cansada de fazer
oposição, e agora o povo fica paparicando (Rosalba). O Estado está
parado, as coisas todas que estão acontecendo fomos nós que iniciamos. A
barragem de Oiticica, o aeroporto e as obras que Rosalba deixou
paradas, como o Terminal Pesqueiro, o prolongamento da Prudente de
Morais, que deixamos o dinheiro em caixa. Ela só está fazendo parte do
saneamento e fez o estádio que a gente deixou o projeto pronto. Ela não
tem feito adutoras, os poços não foram instalados, nada disso tem sido
feito em favor do homem do campo. Na assistência social parou tudo. A
Central do Cidadão está sendo gerida de forma caótica, o Compra Direta e
o Programa do Leite estão de mal a pior”, criticou Wilma.
Indagada o que significaria “paparicando” a governadora, Wilma
afirmou: “Paparicando que eu quero dizer é porque ela diz uma inverdade
lá na Assembleia, e a imprensa não especula nem vai procurar saber como
foi o contrato de Oiticica antes e como é hoje. Todo mundo sabe que
houve licitação superfaturada e que a gente cancelou a licitação. O
projeto tinha sido feito há não sei quantos governos antes e fizemos uma
nova licitação. O processo foi feito por Josemar Azevedo, homem de bem e
doutor nesse assunto. E, na verdade, a barragem é o pulmão da
integração das bacias da região do Seridó”, ressaltou.
IRREGULARIDADES
Ainda segundo Wilma, é preciso esmiuçar os processos que existem
contra Rosalba. Ela citou, como exemplo desses processos,
irregularidades e superfaturamento no Hospital da Mulher, em Mossoró,
onde uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) identificou
superfaturamento da ordem de R$ 8 milhões, e também os problemas
envolvendo a irmã da governadora, a ex-deputada estadual e médica Ruth
Ciarlini, flagrada recebendo plantões sem trabalhar no Hospital Tarsício
Maia, em Mossoró.
Wilma, sobre escândalos: “Quem me defende é o povo”
Abordada sobre as negativas de líderes do PMDB em defendê-la durante a
campanha vindoura, devido aos escândalos administrativos do seu
governo, Wilma afirmou que quem a defenderá será o povo do Rio Grande do
Norte. Ela também afirmou que a aliança com o PMDB está sacramentada,
com ela disputando o Senado e o PMDB indicando o atual presidente da
Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, candidato a governador.
“Quem defende a mim é o povo do RN, e o trabalho é a minha vida de
prestação de serviços, a comparação que o povo faz das ações que
realizamos, as obras que fizemos, os programas que implementamos. Isso
que está dando grande ibope e estamos hoje em situação muito boa em
relação à liderança nas pesquisas, carinho do povo, confiabilidade que o
povo tem na minha pessoa, nos meus atos e na minha gestão”, afirmou
Wilma.
Na última segunda-feira, o ministro da Previdência, Garibaldi Filho
(PMDB), afirmou que defenderá a chapa, não exatamente a ex-governadora
Wilma de Faria. Segundo o ministro, quem julga, em última instância, é o
povo.
Instado a falar se defenderia Wilma durante a campanha, em vista dos
escândalos administrativos da gestão pessebista, o ministro declarou:
“Eu vou defender a nossa chapa. Eu vou defender as pessoas, as
qualidades, os méritos que as pessoas têm para enfrentar os problemas do
Estado”, declarou o ministro, ao ser abordado esta manhã por O Jornal
de Hoje.
As palavras do ministro foram uma resposta à declaração da
governadora Rosalba Ciarlini, que, na sexta-feira da semana passada,
indagou se os peemedebistas haviam esquecido os “escândalos do passado”,
numa referência à gestão Wilma de Faria. Wilma enfrenta ações na
Justiça da época que governava o Estado. Num deles, da chamada operação
Hygia, a ex-governadora teve o filho, Lauro Maia, preso pela Polícia
Federal. Ele foi condenado na primeira instância a 16 anos de prisão,
mas recorreu da sentença e aguarda em liberdade. Outros escândalos
administrativos do governo Wilma foram o Foliaduto, Sinal Fechado e Ouro
Negro. Todos com participação de parentes ou com suspeita de
participação da própria governadora. Em vários deles é aguardado para a
qualquer momento o desfecho pela Justiça. “Eu acho que a justiça será
feita, e quem vai fazer, em última análise, justiça, mesmo, será o povo
nas urnas. Vamos confiar no povo e cada um fale a linguagem que achar
mais apropriada”, afirmou o ministro, ainda se referindo às palavras da
governadora.
“Não estamos entrando em discussões de ordem pessoal, acusações.
Estamos preocupados em realmente discutir os problemas do Estado”,
rebateu Garibaldi na manhã desta segunda-feira, em sua primeira
declaração política após retornar de uma viagem em férias pela Europa. O
ministro tratou de expor o seu discurso, defendendo que o debate se dê
em nível mais elevado. “Vamos apresentar proposta voltadas para
solucionar os problemas do Estado, programa de governo. Acho que a
campanha precisa ser feita em outro nível, não no nível das discussões
de ordem pessoal. Eu acho que essas discussões de ordem pessoal, de
acusações, diatribes, uns falando mal dos outros, isso deverá ficar para
trás. O estado precisa que se discutam os seus reais e verdadeiros
problemas. Os problemas estão aí e o povo sabe melhor que ninguém e vai
saber julgar. Eu, como cidadão que tive a oportunidade de exercer vários
cargos eletivos, confio na capacidade de julgamento do nosso povo”.
“Aliança com Henrique está certa. Não há expectativa de mudança”
Pré-candidata ao Senado Federal, a ex-governadora Wilma de Faria
afirmou que a aliança com o PMDB, do pré-candidato a governador Henrique
Eduardo Alves, “está certa”, e que não há expectativa de mudança desse
quadro. Wilma também afirmou que as conversas com o presidente nacional
do PSB, presidenciável Eduardo Campos, também já foram efetuadas,
resultando na “benção” de Campos à união entre Wilma e Henrique no Rio
Grande do Norte.
“Já anunciei para o RN que a situação do PSB é tranquila. Conversamos
com o presidente da executiva. Outros estados estão na mesma situação
do RN.
As coisas estão abertas para as coligações. Como foi dito por Eduardo
Campos, que não ia ter a verticalização, que nós poderíamos fazer a
aliança que fosse importante para nós.
Está tudo certo. Não tem nenhuma expectativa de mudança”, afirmou Wilma.