O ajudante de pedreiro Lucas Rogério Fabrício Lopes, de 19 anos, que confessou ter participado da morte brutal da dona de casa Fabiane
Maria de Jesus, de 33 anos, disse nesta quinta-feira à Polícia Civil
que dois outros agressores foram executados por traficantes que atuam no
bairro Morrinhos, no Guarujá (SP). Fabiane foi espancada até a morte no
último sábado após ter sido confundida como uma suposta sequestradora
de crianças na região.
Lopes foi detido por policiais militares nesta madrugada e teve a prisão preventiva
decretada pela Justiça. Preso no 1º Distrito Policial do Guarujá,
ele admitiu ter dado duas pancadas com a roda de uma bicicleta na cabeça
de Fabiane, conforme registrado em vídeos feitos pela
multidão. Lopes também disse que outras pessoas que participaram do
linchamento fugiram de Morrinhos. Os policiais fazem buscas por outros
agressores identificados em vídeos feitos pela população.
Segundo investigadores, há relatos de que traficantes estariam
aplicando castigos em moradores de Morrinhos em represália ao
espancamento de Fabiane. ”Soube que muitas pessoas que participaram do
linchamento fugiram do Guarujá”, afirmou Lopes à polícia.
No depoimento à polícia ao qual a reportagem teve acesso, Lopes
apontou a participação de dois outros agressores, identificados como
Alex, o “Pote”, e Pepê. Segundo Lopes, Pepê é seu vizinho e vestia uma
bermuda de cor vinho no dia
do espancamento. Ele usou um fio elétrico para amarrar Fabiane. Lopes
disse que a mãe de Pepê foi até a sua casa e avisou que ele tinha sido
morto por marginais.
Lopes disse ter “escutado boatos de que Alex (Pote) também sumiu,
junto com Pepê, e deve ter sido morto por marginais”. Alex aparece nas
imagens de bermuda preta e sem camisa amarrando
as pernas da vítima, segundo Lopes. Eles jogavam futebol juntos no
bairro. “Ele [Alex] agrediu muito a vítima e, a todo o momento, dizia ‘é
ela mesmo, tem que matar’”, relatou.
Segundo Lopes, crianças também participaram do linchamento: “Várias crianças estavam com madeira na mão e ameaçavam bater na vítima”.
O espancamento começou por volta das 14h15 de sábado, quando Lopes
saiu de casa ao ouvir a gritaria e se envolveu no crime. Os boatos
diziam que a mulher “arrancava o coração e os olhos de crianças para
rituais de magia negra”, declarou.
Quando era adolescente, Lopes chegou ser apreendido por seis meses na Fundação Casa por tráfico de drogas. Ele
disse “estar muito arrependido, e que foi influenciado por boatos nas
redes sociais e pessoas que estavam no local acusando Fabiane de matar
crianças”.
Fonte: Veja
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