A elevação média de preços dos produtos tradicionais da Páscoa ficou
abaixo da inflação nos últimos 12 meses. A alta foi 2,84%, enquanto a
inflação registrou 6,09%, conforme a apuração do Índice de Preços ao
Consumidor da Fundação Getulio Vargas (IPC-FGV).
Já os pescados frescos, procurados neste período por grande parte da
população, subiram 12,71%. O economista do Instituto Brasileiro de
Economia (Ibre) da FGV, André Braz, explicou que é o segundo ano em que o
produto sobe neste patamar. “O pescado já subiu mais de 24% em dois
anos, o dobro da inflação, e pode subir mais na véspera da Páscoa, pelo
efeito de demanda”, disse em entrevista à Agência Brasil.
O economista acrescentou, no entanto, que apesar de o bacalhau,
também bastante procurado para o almoço de Páscoa, ter ficado abaixo da
inflação no mesmo período, para as famílias mais humildes a compra do
produto pode pesar no orçamento. “O bacalhau é um produto que tem um
nível de preço um pouco mais alto. Então, famílias mais humildes talvez
não possam comprar. O pescado, embora tenha ficado mais caro nos últimos
doze meses, concorre com preços mais em conta. Apesar da alta, para
algumas famílias talvez valha mais a pena comprar o pescado fresco do
que o bacalhau, que é um item mais caro.”
Outros produtos também registraram alta acima da inflação acumulada
até março deste ano, como a couve (13,8%), os ovos (7,89%), o azeite
(7,67%) e a azeitona em conserva (7,5%). O economista explicou que, em
geral, a maior pressão sobre os preços dos alimentos frescos aconteceu
de 2012 para 2013 e repercutiu mais na Páscoa passada. Um exemplo foi o
tomate, que atingiu preços muito altos. Embora o produto não esteja na
cesta de Páscoa, outros alimentos como a batata, a cebola e a couve
estão, e, naquela época, também sofreram redução da área plantada, uma
das causas para a alta dos preços.
“Somaram efeitos climáticos, com redução da área plantada e isso fez
com que os alimentos frescos entre 2012/2013 avançassem muito mais do
que agora, embora a gente esteja passando por um período de aumento de
preços desses alimentos em função da seca recente. Mas este fenômeno
climático atual ainda foi mais brando do que o verificado em 2012 e
2013”, analisou.
Outra boa notícia para o consumidor para o período da Páscoa são os
preços de bombons e chocolates. “No geral, esta Páscoa, apesar de ter os
seus vilões, como o pescado fresco, também tem itens que ficaram mais
baratos. Os bombons e chocolates subiram 1,16%, mas perderam para a
inflação. Em termos reais é como se eles estivessem mais em conta para
as famílias”, explicou.
A cebola registrou queda de 39,84%, enquanto na Páscoa do ano passado
tinha subido 88,99%. André Braz destacou que os alimentos frescos
costumam devolver, a médio prazo, os aumentos expressivos normalmente
verificados nos momentos em que o clima é mais volátil ou então no alto
inverno. “Chegou o ano de ter uma oferta mais regular da cebola e isso
garante o produto com o preço mais em baixa. É diferente do bacalhau que
está subindo menos de preço, mas não devolve o que acumula”, comparou.
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