O ano da Copa do Mundo no Brasil começou com metade dos 12 estádios prometidos para o torneio ainda em construção. A Arena Amazônia, em Manaus é um deles; a previsão inicial de sua inauguração era para 15 de janeiro, mas esta foi adiada em pelo menos um mês por conta de atrasos enfrentados nos últimos meses.
Atualmente, o grande “imprevisto” que impede a capital amazonense de estipular uma data exata para a conclusão de todas as obras é o período de chuvas na região, que acaba atrapalhando a conclusão dos trabalhos.
Outro problema que dificultou o cumprimento do cronograma em Manaus foi o acidente ocorrido em 14 de dezembro do ano passado, quando o operário Marcleudo de Melo Ferreira caiu de uma altura de 35 metros nas obras do estádio e morreu.
O jovem, de 22 anos, foi a segunda morte registrada na construção da arena amazonense. Em março de 2013, Raimundo Nonato Lima da Costa, de 49 anos, também faleceu após despencar de uma altura de cinco metros.
Para o secretário da Copa em Manaus, Miguel Capobiango, há uma coincidência que justifica as duas quedas fatais: o “relaxo” dos operários na utilização dos equipamentos de segurança.
“Usar o equipamento de segurança às vezes é chato e nem todos gostam de estar usando. O operário às vezes abre mão por preguiça, então ele relaxa, e é isso que agora nós não podemos deixar”, explicou à BBC em Manaus.
“Infelizmente, os dois acidentes aconteceram por uma questão básica de não cuidado do trabalhador no uso correto do equipamento.”
Atraso
Após o acidente fatal em dezembro, as obras na Arena Amazônia foram paralisadas por cinco dias e, na retomada, o Ministério do Trabalho tomou uma medida que atrasou o cronograma da entrega.
“Por precaução, o Ministério do Trabalho solicitou que não fosse feito trabalho na cobertura à noite, porque os dois acidentes aconteceram à noite”, disse. “Ficou claro que os dois aconteceram por uma falta de observação da segurança do próprio trabalhador, ele tomou a decisão de relaxar e isso não pode acontecer”, completou.
Para o Sindicato da Construção Civil de Montagem – ao qual os operários que trabalham na montagem da estrutura da Arena Amazônia estão vinculados -, porém, os acidentes aconteceram por falta de fiscalização do técnico de segurança que tomava conta da obra
“Se o trabalhador se recusar a usar o equipamento, o técnico de segurança tem que fazer um relatório dizendo isso, para ficar documentado. O técnico deles não foi fazer relatório nenhum”, garantiu Cícero Custódio, presidente do sindicato.
Cícero ainda informou à BBC Brasil que chegou a notificar o secretário Miguel Capobiango antes do acidente de dezembro de que o relatório sobre a não utilização correta do equipamento de segurança pelos operários não estava sendo feito.
“Eu liguei para ele em outubro, novembro para falar isso e ele disse que não poderia se meter nessa parte de obra porque ele não é gestor do estádio, é o gestor da Copa. Ele disse que não tinha nada a ver com isso”, contou.
UOL Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário