segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PT usa recurso que criticava em FHC para ‘juntar’ dinheiro

Se antes a estratégia do PT era criticar o modelo de privatizações iniciado pela administração do tucano Fernando Henrique Cardoso, o governo atual terá de mudar a argumentação a partir de agora. Isso porque a média de concessões realizadas nos últimos três anos já é quase igual à concretizada durante os seis últimos anos do governo tucano.
De acordo com dados do Tesouro Nacional, entre 1997 e 2002, o governo ganhou R$ 31,4 bilhões em concessões. Uma média de R$ 5,2 bilhões por ano.
No atual governo, com menos da metade do tempo de gestão, já entraram R$ 13,2 bilhões em concessões no caixa da União — média anual de R$ 4,4 bilhões. É importante lembrar que os valores não foram corrigidos pela inflação, mas permitem entender melhor o quanto o governo recebe das empresa privadas.
A tendência é de que as cifras fiquem cada vez mais altas. Até o fim de 2014, estão previstas concessões de 11 mil quilômetros de linhas férreas e mais 7.000 quilômetros de rodovias. A estimativa é de que as negociações ultrapassem os R$ 145 bilhões.
No entanto, não é todo esse dinheiro que vai entrar no caixa do governo. Uma parte desse ganho reflete o que o Estado deixa de gastar para manutenção dessas vias, por exemplo.
Dinheiro necessário
Para o cientista político da UnB (Universidade de Brasília), Antônio Flávio Testa, nem o PT, maior partido de esquerda do País, conseguiu se manter longe do capital privado porque não é mais possível governar sem parcerias.
Segundo o especialista, o Estado não é capaz de atender a todas as demandas da sociedade. Além disso, o governo precisa de dinheiro para manter as políticas públicas e saldar dívidas.
— Nenhum Estado consegue ser capaz de fazer todas as atividades, até porque o custo disso é muito alto. Tem que ter parcerias com capital privado. [O governo] está fazendo isso porque ele precisa de dinheiro para poder, principalmente, manter as suas políticas sociais e pagar os serviços da dívidas externa.
Para o professor, as privatizações vão crescer, independentemente do governo que vai assumir o País a partir de 2015. De acordo com o cientista político, a decisão não está mais vinculada a ideologias.
— A questão da privatização é um processo histórico, vai crescer, querendo o PT ou não. Qualquer partido que chegar ao governo vai ter que fazer esse tipo de ação porque são necessárias parcerias públicas e privadas para gerenciar e fazer os investimentos necessários.
R7

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