Com Informações da Tribuna do Norte
e fotos Dantense News
Era difícil de se imaginar que o próprio Corpo de Bombeiros fosse vítima do que combate diariamente: o fogo. Mas na madrugada de ontem, a hipótese passou a ser real quando cinco veículos, sendo três do regimento da cidade de Pau dos Ferros, localizada na região Oeste, a 400 quilômetros de Natal, foram tomados pelas chamas dentro do quartel. Um incêndio criminoso que causou um prejuízo de pelo menos R$ 1,5 milhão aos cofres públicos tem como principal suspeito um jovem soldado bombeiro lotado no quartel daquela cidade.
Desde ontem a corporação vem tratando o assunto com cautela, visto que não há certeza quanto à efetiva participação do soldado. As poucas informações passadas são as de que o soldado seria da primeira turma do Corpo de Bombeiros Militar do RN (CBMRN) e teria em torno de um ano de serviço. Se formou na última turma, em 2012, e morava em um município da Grande Natal. A corporação não revelou a identificação e idade do suspeito.
As possíveis motivações para o crime também são uma incógnita. Na noite/madrugada do incidente, ele trabalhava na central telefônica do quartel, recebendo chamados de incêndio ou outra ocorrência na jurisdição do batalhão. Segundo as pessoas ouvidas pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, as suspeitas caem sobre o soldado por dois motivos.
O primeiro é que após o controle do incêndio no quartel, o único que faltava era exatamente esse homem, que permaneceu desaparecido até o fechamento desta edição. O segundo indício é que, apesar de não ter antecedentes problemáticos, no domingo o soldado teria dado algumas declarações que chamaram a atenção dos colegas. O teor delas não foi revelado pelo Corpo de Bombeiros para “não atrapalhar a apuração dos fatos”.
“Ele não era um militar de comportamento ruim e não suspeitávamos de nada. Não sabemos o que teria motivado isso”, comentou o chefe da 2ª Seção do Corpo de Bombeiros, o tenente Saulo Moisés, responsável por Pau dos Ferros. Um veículo Ford Fiesta do setor administrativo, também sumiu.
Como não há notícias sobre o paradeiro do potencial incendiário, acredita-se que a viatura tenha sido utilizada na fuga. O incêndio atingiu cinco veículos, sendo um caminhão bomba-tanque com capacidade de 4,5 litros de água, uma ambulância, uma motocicleta da corporação e mais duas particulares, pertencentes aos militares que estavam de plantão. Todos os veículos se encontravam dentro do quartel da 2ª Seção.
Segundo o tenente Saulo Moisés, a cena vista durante a madrugada foi “desesperadora”. Os homens que estavam na escala durante o ocorrido dormiam à espera de uma ocorrência. Ela veio. Após se prepararem para o combate ao fogo, os bombeiros se dirigiram até o portão e se depararam com o primeiro incêndio. A van que fazia o papel de ambulância estava tomada pelas chamas. Essa, segundo o oficial, foi a primeira cena de desespero.
“Eu só pensava que seria um atentado contra a gente”, disse o tenente Moisés. Com o caminhão Auto Bomba Tanque (ABT), que estava no estacionamento do prédio, coberto por chamas, ficou difícil controlar o incêndio. “Foi aí que o desespero bateu mesmo porque simplesmente não teríamos como combater as chamas sem o nosso veículo que combate o fogo”, relembrou o tenente.
Um carro pipa foi adquirido emergencialmente, mas como ele não possui sistema de bombeamento d’água, os soldados precisaram usar baldes. “Às 2h30 já não tínhamos como salvar as viaturas, mas é preciso destacar a valentia desses homens que com baldes conseguiram apagar o fogo”, destacou Moisés.
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